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Mulheres sauditas agora casam ‘por amor’ e após abrir próprio negócio, diz pesquisador - Foto: Divulgação
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domingo 9 de fevereiro de 2025 às 15:26h

Mulheres sauditas agora casam ‘por amor’, diz pesquisador

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A mudança de “casamentos arranjados” para “casamentos por amor” na Arábia Saudita tem impactado a economia do país, especialmente na área do empreendedorismo. É o que as pesquisas do professor Robert Manning, que se debruça sobre o tema na região do Oriente Médio e Norte da África (Mena, na sigla em inglês), apontou na reportagem de Ana Carolina Nunes, da revista IstoÉ.

“É uma mudança notável. Hoje, as mulheres têm mais tempo para escolher sobre o casamento, o que lhes permite investir em educação e carreira antes de iniciar uma família”, explica o pesquisador. Um movimento, segundo ele, visto por países como o Brasil há 50 ou 60 anos, quando vivemos o período nacional desenvolvimentista, com forte industrialização doméstica.

O professor Manning atua hoje como consultor em Nova York, viveu seis anos no Oriente Médio, onde lecionou em Universidades da região e escreveu “A crescente geração de jovens empreendedores sauditas: uma análise empírica do papel do gênero no rápido crescimento do ecossistema de pequenas empresas da Arábia Saudita”. O pesquisador foi um dos participantes da Global Labour Market Conference, conferência promovida pelo país para debater os desafios do mercado de trabalho, onde conversou com IstoÉ Dinheiro sobre seus estudos a respeito do país.

A Arábia Saudita tem vivido uma significativa transformação cultural marcada por mudanças nos costumes sociais e no papel das mulheres na sociedade. Assinar contratos, abrir conta em banco e dirigir são exemplos do tipo de coisas que as mulheres do país não podiam fazer há cerca de 10 anos.

Mas, a partir de meados da década passada, o reino começou a colocar em prática seu plano Visão 2030, que prevê um país mais aberto cultural e socialmente e com a economia mais diversificada, menos dependente do petróleo, sendo hoje o maior exportador da commodity. O plano incluiu, entre outras medidas, uma flexibilização da participação das mulheres na sociedade.

“Enquanto as mães dessas mulheres se casavam, em média, aos 19 anos, a idade média do casamento atualmente gira em torno de 29 anos. Esse intervalo adicional de 10 anos é utilizado por muitas sauditas para concluir o ensino superior, economizar e até iniciar negócios próprios, frequentemente a partir de casa”, conta Manning.

Com mais mulheres no mercado de trabalho e no comando de negócios, a economia de serviços do país floresce, diz ele.

Empreendedorismo e empoderamento

É comum que o empreendedorismo seja uma forma de entrada no mercado de trabalho e independência financeira de mulheres em diferentes lugares do mundo, e na Arábia Saudita não está sendo diferente.

“Para os homens, o objetivo principal é o lucro, enquanto as mulheres veem o empreendedorismo como uma ferramenta de empoderamento, sustentabilidade e impacto social. Além disso, hoje elas podem gerir negócios com menos dependência masculina, o que era impensável há uma década.” De acordo com seu estudo, cerca de 75% das mulheres empreendedoras começam seus negócios sem empréstimos bancários ou apoio familiar, utilizando apenas recursos próprios.

Setores como serviços pessoais, entretenimento e iniciativas ecológicas têm sido dominados por mulheres. As sauditas, especialmente as jovens, também são entusiastas de tecnologias como redes sociais para expandir seus empreendimentos e criar soluções para o mercado local.

“Com dispositivos móveis, as empreendedoras conseguem fazer networking e identificar nichos de mercado. Elas têm transformado segmentos como o de serviços, antes ocupados em boa parte por trabalhadores estrangeiros”.

Essas mudanças resultam em maior consumo de serviços sociais e de entretenimento, criando novas oportunidades para empreendedoras. Além disso, a modernização cultural, impulsionada pela exposição à economia global e ao estilo de vida ocidental, tem fomentado inovações que desafiam os modelos tradicionais de negócios.

“Elas não querem apenas ganhar dinheiro, mas transformar a sociedade. Estão focadas em negócios que promovam sustentabilidade, melhores salários e igualdade de gênero. Isso não é só dobrar o número de empreendedores no país, é trazer uma visão completamente nova.”

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