Uma roda de conversa com o tema Mulheres Pretas na Educação, na Biblioteca Professor Jorge Portugal do Centro de Cultura Vereador Manuel Querino, na tarde desta quarta-feira (24), marcou a passagem do Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha no espaço multiuso da Câmara. O Julho das Pretas no Querino foi direcionado à juventude e realizado em parceria com o Centro de Referência Integral de Adolescentes (Cria).
A diretora pedagógica do Instituto Cultural Steve Biko, Jucy Silva, destacou que o evento também tem a função de pensar estratégias de superação das opressões que as mulheres negras sofrem todos os dias. “É importante que a juventude e as pessoas conheçam as trajetórias educacionais de mulheres negras, que saibam o quanto nós, mulheres negras, lutamos pelo direito à educação e para dar continuidade aos estudos, por conta de todo um histórico, onde a mulher negra ainda tem seus direitos negados nessa sociedade que a gente vive”, concluiu Jucy.
De acordo com a assistente social Gilmara Silva, autora do e-book “Palavras Navalhas Doçuras Libertam”, a roda de conversa é um importante debate que se dá a partir do reconhecimento de que, para falar de educação, em uma perspectiva antirracista, é necessária a compreensão de que a sociedade ainda é, implícita ou explicitamente, racista.
“Eu gostaria de parabenizar o Cria pelo espaço, por mobilizar a juventude, entendendo a importância desse tema para o perfil desses jovens. É uma honra poder estar junto com mulheres como a Jucy Silva e a Beatriz Santana, que é uma jovem negra que também é uma referência para a gente”, destacou Gilmara.
O encontro foi mediado pela atriz Beatriz Santana, que é produtora de conteúdo e arte-educadora no Cria. Ela acrescentou: “Se vamos falar de mulher preta, de reparação e do bem viver também, precisamos falar de como a mulher preta tem ocupado esses espaços dentro da sociedade, e colocar os jovens para pensar sobre isso. Quais lugares que estamos ocupando e quais lugares queremos ocupar, para que a gente possa sair dos lugares que nos empurraram e começar a tomar esses espaços que são nossos por direito. Acho que temos cada vez mais entendido que nós somos gente de direito”.
O evento serviu para aproximar o Centro de Cultura das organizações sociais que habitam o território do Centro Histórico de Salvador, por meio de uma pauta considerada de grande relevância neste mês de julho.
Data
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, também conhecido como Dia Internacional das Mulheres Afrodescendentes ou Dia da Mulher Afro Latino-Americanos, Afro-Caribenhos e Diáspora, é uma celebração que ocorre anualmente no dia 25 de julho.
No dia 25 de julho de 1992, na cidade dominicana de Santo Domingo, ocorreu o 1º Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas. Neste encontro, onde compareceram mais de 300 representantes de 32 países, foram denunciados os problemas sofridos pelas mulheres negras e apresentadas alternativas para as soluções.
A data serve para homenagear as mulheres negras, latino-americanas e caribenhas; dar visibilidade à luta contra o racismo e machismo sofrido pelas mulheres negras de todo o planeta; e promover políticas públicas para erradicar o racismo e a discriminação sofrida, principalmente, por mulheres negras.