sexta-feira 22 de novembro de 2024
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Home / NOTÍCIAS / Muito além da cloroquina: força-tarefa do Brasil busca coquetel “anti-Covid-19”
sábado 4 de abril de 2020 às 14:51h

Muito além da cloroquina: força-tarefa do Brasil busca coquetel “anti-Covid-19”

NOTÍCIAS


Desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, médicos, enfermeiros e outros profissionais da área de Saúde têm sido os responsáveis por integrar a “linha de frente” do combate ao novo vírus. Porém, existe um grupo que atua no setor de inteligência da guerra que é de vital importância para o resultado positivos: os cientistas e pesquisadores.

Por este motivo, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) montou a chamada Rede Vírus , que reúne especialistas de diversas áreas para buscar soluções para o enfrentamento ao novo coronavírus (Sars-Cov-2).

Dentre eles, um grupo do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais ( CNPEM ), localizado na cidade de Campinas-SP, está pesquisando uma forma de produzir um “coquetel anti-Covid-19” com remédios já aprovados no país para atacar o vírus e oferecer opções ao uso da cloroquina.

“A missão do CNPEM é propor o reposicionamento de remédios para uso o mais imediato possível nos pacientes da Covid-19 . Então, estamos usando todo o nosso arsenal científico, todas as equipes e toda a infraestrutura para encontrar o quanto antes os medicamentos que já estão disponíveis e que podem ser aplicados para o tratamento. Queremos chegar o mais rápido possível nos pacientes, e no caso de viroses, é dificil combater com um único fármaco. Geralmente, é preciso um ‘ coquetel ‘ que ataque o vírus ao mesmo tempo”, explica Daniela Trivella, coordenadora científica do LNBIO/CNPEM.

Segundo ela, os fármacos utilizados nos testes não podem ser revelados para evitar problemas como o verificado com a cloroquina e a hidroxicloroquina, que “desapareceram” das farmácias após a divulgação de que poderiam auxiliar no tratamento do novo coronavírus (Sars-Cov-2).

“Temos que tomar cuidado para que as pessoas não se antecipem e queiram fazer o tratamento por conta própria, o que é muito perigoso. Primeiro, nós precisamos provar que eles funcionam e garantir a disposição para quem realmente precisa”.

Alerta

Ela complementa apontando um informe da Sociedade Brasileira de Fármacia que listou os problemas do uso descontrolado dos medicamentos e os efeitos colaterais que podem causar.

“A hidroxicloroquina é aprovada para o tratamento de malária, sendo que o mecanismo de ação dela não é completamente compreendido. Então, é mais risco ainda porque ela pode induzir resistência e ter efeitos colaterais . Além disso, vale ressaltar que os estudos utilizaram uma combinação com outros medicamentos, como antibióticos. Então, é preciso tomar cuidado com ela”, afirma Daniela.

Mas o que é “reposicionamento de fármacos”?

Como a própria pesquisadora explica, o processo de reposicionamento consiste na aplicação de  medicamentos já aprovados para um determinado uso em uma outra doença, neste caso o novo coronavírus ( Sars-Cod-2 ), após uma grande carga de testes para garantir que o uso será benéfico aos pacientes.

“A ideia é usar medicamentos que já conhecemos a atuação no corpo humano e que foram aprovados para doenças diferentes. Essa estratégia tem muitas vantagens porque é feita com um remédio que já passou por diversos testes em animais e humanos e que demoram anos para serem concluídos. Então, se partimos de um que já tem essas informações disponíveis, o uso em pacientes é muito mais rápido”, afirma.

Apesar de facilitar o combate ao vírus, o processo de reposicionamento não é dos mais simples. Isto porque, no Brasil , existem mais de 2 mil fármacos aprovados e seria impossível testar todos eles. A solução encontrada pelo grupo foi realizar um filtro com a ajuda de um computador, para reduzir as opções.

Triagem virtual e muitos testes

“A triagem feita pelo computador é a abordagem mais rápida, que utiliza informações estruturais sobre o vírus e suas proteínas. Com os dados disponíveis, que estão vindo do mundo inteiro em uma grande rede colaborativa, a gente tenta encaixar esses 2 mil fármacos disponíveis nos sítios ativos relevantes dessas proteínas”, diz a pesquisadora.

Ela utiliza a analogia “chave-fechadura” para explicar o que são os sítios ativos: “o vírus tem várias fechaduras, que são importantes para realizar as reações químicas e a interação com o seu material genético e as proteínas da célula humana. A ativação e função dessas fechaduras são essenciais para o ciclo de vida do vírus. Então, o que um medicamento antiviral faz é bloquear essas fechaduras, com ‘ chaves falsas’. Se a gente consegue isso, inibe as funções dessas proteínas e quebra o ciclo de vida do vírus”.

Veja também

Queijo brasileiro está entre os 10 melhores do mundo em competição internacional

Um queijo brasileiro feito com leite de vaca conquistou uma posição entre os 10 melhores …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!