Em meio à pressão com o governo de Lula da Silva (PT) por mais agilidade na reforma agrária, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) invadiu nesta quinta-feira três terras na Bahia. Ceará e Espírito Santo. As mobilizações fazem parte da chamada “Jornada de Luta das Mulheres Sem-Terra, que tem como intuito denunciar a violência sexual no campo e preparar a militância para o “Abril Vermelho”.
As ações ocorreram em Nova Redenção (BA), Boa Vista do Tupim (BA), Limoeiro do Norte (CE) e Aracruz (ES). Nos municípios baianos, terras tidas como improdutivas foram ocupadas, enquanto no Ceará, a escolha foi por um espaço de atuação do agronegócio, de mais de dois mil hectares. No Espírito Santo, mil mulheres estão acampadas em área que pertence à empresa Suzano.
As invasões ocorrem uma semana após o movimento ter se reunido com o presidente Lula em assentamento em Minas Gerais. Na ocasião, o petista anunciou que imóveis rurais e fazendas serão desapropriados. A medida foi comemorada pelos sem-terra, mas ainda é considerada insuficiente.
“A Reforma Agrária Popular que defendemos não é apenas um processo produtivo e ambiental, é uma revolução cultural feminista e antirracista, uma ruptura com todos os elos de dominação e uma práxis permanente rumo à emancipação humana e social”, diz carta do movimento, publicada nesta quinta-feira.
Como o jornal O Globo, noticiou, o MST promete um Abril Vermelho mais intenso, caso suas demandas não sejam atendidas. O período marca o aniversário do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 sem-terras foram assassinados em 1996.
Ao longo do “Abril Vermelho”, o MST tem o costume de fazer acampamentos em terras avaliadas por eles como “improdutivas”, no intuito de pleitear que esses espaços possam se tornar assentamentos. No ano passado, este período já foi marcado por um aumento de 150% nas invasões, em relação a 2023. Foram 35 contra 14 do ano anterior.
A insatisfação com o governo federal não data de hoje. Em dezembro, irritados com a demora, o movimento articulou ações em três estados — Rio Grande do Sul, Pará e Mato Grosso do Sul.
Alinhado a isso, parte do movimento também pede a demissão do ministro Paulo Teixeira. Segundo o movimento, a pasta não tem priorizado a reforma agrária e o titular “não tem conhecimento do campo para traçar estratégias”.
Por sua vez, o Palácio do Planalto tem pedido “calma” aos militantes, alegando restrições orçamentárias. O governo argumenta que o programa de reforma agrária estava paralisado desde a gestão Michel Temer, o que exigiria compreensão por parte do movimento diante das dificuldades atuais.