No Brasil, existem atualmente 45 milhões de pessoas com deficiência, mas só 6,66% dessa população tem ensino superior completo. Embora o número de estudantes com deficiência matriculados no ensino superior tenha aumentado de 5 mil para 33 mil entre 2004 e 2014, menos de 1% do total de alunos matriculados no ensino superior brasileiro tem deficiência.
Os dados foram apresentados pelo professor doutor Ricardo Lins, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na palestra “Caminho para promoção de práticas inclusivas nas universidades: redes de apoio”, proferida na última segunda-feira (26) no 2º Encontro Baiano da Rede de Educação Inclusiva no Ensino Superior. Ocorrido na sede do Ministério Público estadual, no bairro de Nazaré em Salvador, o encontro contou com a participação de representantes de diversas instituições de ensino superior, das secretarias de educação, de órgãos de fiscalização e de movimentos sociais, além de estudantes com deficiência.
A promotora ressaltou que a Rede foi criada em 2017 para pensar em conjunto maneiras de “tirar a perspectiva da educação inclusiva do papel e colocar de fato dentro das instituições de ensino superior (IES)”. “Estamos celebrando um ano da criação da rede, resistindo e ampliando. O trabalho não é fácil, como tudo na vida das pessoas com deficiência. Essa é mais uma das lutas que precisamos enfrentar. O bom é que enfrentamos com esse coletivo”, destacou.
A Rede conta atualmente com 13 instituições – alguns dos novos membros foram empossados também nesta segunda. Além da promotora, estiveram presentes na mesa de abertura Lívia Teixeira, representando a Associação Baiana de Síndrome de Down (Ser Down); Cláudia Paranhos, professora da Universidade Estadual da Bahia (Uneb); e a professora Deneide da Silva Morais, representante da Universidade Católica de Salvador (Ucsal).
Na Bahia, apenas três alunos com surdocegueira estão no ensino superior, de acordo com dados de 2017 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Segundo o INEP, dentre os 8 milhões e 290 mil estudantes de IES com deficiência, apenas 139 tem surdocegueira. “O baixo número de matrícula decorre do desconhecimento, da invisibilidade da deficiência e da concepção de incapacidade”, avaliou Sandra.
Participaram do evento ainda as professoras doutoras Dina Maria Rosário dos Santos, abordando “Limites e possibilidades para a aferição de candidatos com deficiência nas IES” e Theresinha Miranda, que falou sobre “Formação do docente do ensino superior para garantia de educação inclusiva”.