O vice-presidente Hamilton Mourão disse ontem, em evento nos Estados Unidos, que, se o governo Jair Bolsonaro “errar demais”, a “conta” irá para as Forças Armadas. Ele fez a afirmação em resposta a uma pergunta sobre a presença de militares no governo durante um painel da Brazil Conference, em Boston, evento organizado por estudantes da Universidade de Harvard e do Massachussetts Institute of Technology (MIT). No domingo, foi divulgada pesquisa do instituto Datafolha, segundo a qual a avaliação do governo é a pior de um presidente em início de mandato desde 1990.
Conforme publicou o G1, questionado por um estudante sobre a possibilidade de a presença de vários militares em cargos e funções de governo “corroer” a “unidade” e a “legitimidade” das Forças Armadas, Mourão afirmou que o governo não pode errar demais. “Se o nosso governo falhar, errar demais – porque todo mundo erra –, mas se errar demais, não entregar o que está prometendo, essa conta irá para as Forças Armadas. Daí a nossa extrema preocupação”, declarou o vice.
Ele também se referiu a uma conversa com Bolsonaro no dia do segundo turno da eleição, depois de confirmada a vitória nas urnas. “E as palavras que o presidente falou no domingo à noite, no dia 28 de outubro, quando fomos eleitos. Ele olhou pra mim e disse assim: ‘Nós não podemos errar’”, afirmou Mourão.
O vice-presidente disse que as Forças Armadas “não estão no poder”, embora dois militares tenham sido eleitos [Bolsonaro e ele]. “O presidente Bolsonaro, 30 anos fora das Forças Armadas, ele é um político, mais político do que um militar, mas carrega dentro de si obviamente toda aquela formação que nós tivemos”, afirmou. Segundo Mourão, os militares chamados a compor o governo estão todos na reserva, e as Forças Armadas “continuam com a sua missão constitucional de defesa da Pátria”.