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sábado 6 de novembro de 2021 às 07:33h

Morte de Marília Mendonça: denúncia apontou falha em avião seis meses antes do acidente

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A empresa que transportava a cantora de música sertaneja Marília Mendonça foi alvo de uma denúncia anônima seis meses antes do acidente desta última sexta-feira (5) no qual, além da cantora, outras quatro pessoas morreram.

A denúncia dizia conforme o canal BBC News, que a aeronave operada pela PEC Táxi Aéreo tinha problemas no sistema antiembaçamento do para-brisa que dificultariam os pousos e decolagens. Não há indícios de que a falha denunciada possa ter relação com a queda.

Morre cantora Marília Mendonça em acidente de avião - Folha de Boa Vista
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O caso começou a ser apurado pelo Ministério Público Federal (MPF) em Goiás, mas foi arquivado depois que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o problema havia sido corrigido.

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De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o acidente aconteceu por volta das 15h30, quando o avião em que Marília e outras quatro pessoas caiu em uma área próxima a uma cachoeira na cidade de Piedade de Caratinga, no interior de Minas Gerais.

Avião com a cantora Marília Mendonça cai em MG
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A artista havia saído de Goiânia em direção a Caratinga (MG), onde faria um show. Entre as vítimas, além de Marília, estão dois tripulantes, um tio e um produto da artista.

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou conforme nota publicada pela BBC News Brasil, de que irá investigar as causas do acidente. Segundo o órgão, investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA 3), no Rio de Janeiro (RJ), foram acionados para realizar a ação inicial do acidente.

A cantora viajava em um avião bimotor modelo Kingair C90A, prefixo PT-ONJ, que pertencia à PEC Táxi Aéreo, sediada em Goiânia.

Cantora Marília Mendonça morre em queda de avião em MG
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Documentos obtidos pela BBC News Brasil mostram que, em maio deste ano, o MPF em Goiás recebeu uma denúncia sobre irregularidades supostamente cometidas pela empresa como o desrespeito à jornada de trabalho de pilotos e problemas nas instalações elétricas em aviões utilizados por ela para operar o serviço de UTI aérea.

A denúncia também afirmava que a aeronave de prefixo PT-ONJ estaria voando desde o início de 2021 com um problema que causaria o embaçamento do seu para-brisas, o que dificultaria as operações de pouso e decolagens, considerados dois dos momentos mais críticos de um voo.

No dia 14 de junho deste ano, o MPF pediu informações à Anac sobre a denúncia envolvendo a PEC Táxi Aéreo e a aeronave envolvida no acidente desta sexta-feira. No pedido, a procuradora deu 20 dias para que a agência se manifestasse sobre o caso.

No dia 12 de agosto, a procuradora da República Marianne Guimarães Mello Oliveira mandou arquivar a investigação após receber as respostas da Anac. Em seu despacho, ela reproduz trechos da resposta enviada pela agência.

Segundo o documento, a Anac disse ter sido informada que a tripulação do PT-ONJ reportou falha no sistema de aquecimento de para-brisas da aeronave no dia 24 de maio. O problema, ainda de acordo com o despacho, teria sido corrigido pela empresa no dia 31 de maio.

A Anac também informou ao MPF que o avião poderia voar mesmo sem o sistema de aquecimento dos para-brisas com base em uma análise que determina a lista de equipamentos mínimos com os quais um avião pode operar de forma segura.

“Dessa forma, vislumbra-se que as supostas irregularidades presentes na aeronave com prefixo PT-ONJ denunciadas pelo representante foram corrigidas com celeridade, não havendo omissão da Anac quanto a sua função fiscalizatória”, diz um trecho do despacho da procuradora que mandou arquivar o caso.

No despacho, não há menções às outras denúncias contra a empresa como submeter a tripulação a jornadas de trabalho irregulares.

‘Achei que ia cair em cima da nossa casa’, diz moradora que viu queda de avião

Em entrevista ao jornal O Tempo, a dona de casa e fã de Marília Mendonça, Gildete Rosa, de 54 anos, disse que assistiu a queda da aeronave que levava a cantora para fazer um show na última sexta-feira (5) na cidade de Caratinga, na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.

Ela estava em casa quando viu o avião rodando no ar. Ela conta que chegou a pensar que a aeronave fosse cari sobre sua casa ou sobre a residência de algum vizinho. No entanto, em seguida, a aeronave bateu na rede elétrica e caiu na cachoeira.

“Assim que o avião passou em cima da minha casa, (ele) começou a rodar, rodar, rodar. Eu achei que ele ia cair em cima da nossa casa ou em cima de alguma casa aqui no condomínio. Mas, depois ele foi para o lado de uma antena e arrebentou uma fiação lá. Aí ele foi rodando e rodando até que caiu em cima da cachoeira”, relatou.

Ela conta que a queda da aeronave provocou um estrondo e causou muito susto aos moradores de Piedade de Caratinga, município vizinho à Caratinga, onde a queda do avião ocorreu. “Foi muito susto, mas muito susto mesmo. A impressão é de que ele tinha caído em cima da casa da gente. Foi uma tragédia muito grande”, disse.

Ainda segundo Gildete Rosa, seu marido foi a primeira pessoa a chegar no local do acidente e juntos eles acompanharam a retirada dos corpos. “Eu vi tirar o primeiro corpo, o segundo, o corpo da Marília Mendonça e eu sou muito fã dela. Aí eu fiquei muito triste e muito abalada mesmo. Ainda esperei tirar o outro corpo. Foram três que eu vi. E o outro eu não quis esperar mais”, contou.

Sigilo

Horas após acidente, Anac colocou processo em sigiloso

Pouco mais de três horas após o acidente envolvendo a cantora Marília Mendonça, a Anac restringiu o acesso ao processo administrativo que tramitava na agência sobre a denúncia citando o avião em que artista viajava.

O processo, aberto em junho, estava acessível a qualquer pessoa por meio do Sistema Eletrônico de Informações (SEI) da agência. Por volta das 19h, porém, a Anac mudou o status do processo para “restrito”, impossibilitando o livre acesso aos seus documentos. Agora, só pessoas autorizadas pela agência conseguem acessar o processo.

A BBC News Brasil questionou a Anac sobre o que a levou a restringir o acesso ao caso, mas ela não respondeu as perguntas sobre o assunto. Em nota, a agência se limitou a dizer que se solidariza com as vítimas do acidente e que a aeronave estava com sua situação regular.

“De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o avião estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido até 01/07/2022. A empresa tinha autorização para operar táxi-aéreo”, diz um trecho da nota enviada à reportagem.

A reportagem também procurou a direção da PEC Táxi Aéreo para se pronunciar sobre o caso, mas ela não se manifestou. Em nota, a empresa disse que lamentava o acidente, que se solidarizava com a família das vítimas, que o avião estava homologado junto à ANAC e que se encontrava “aeronavegável” e que a tripulação era experiente e estava habilitada junto ao órgão.

Sucesso precoce

Marília Mendonça nasceu em 1995 na cidade de Cristianópolis, Goiás. Aos 12 anos, ela já começou a escrever músicas, segundo seu site oficial.

Sua fama nacional estourou entre 2015 e 2016 com hits como “Sentimento louco” e “Infiel”.

Na plataforma Spotify, Marília Mendonça ficou no topo dos artistas mais escutados no Brasil em 2019 e 2020.

Com a volta da realização dos shows após mais de um ano de pandemia de coronavírus, a cantora fez uma série de apresentações em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo no mês de outubro.

Juntamente com a dupla Maiara e Maraísa, ela lançou, no mês passado, o álbum “Patroas 35%”, que foi anunciado em um enorme telão na Times Square, cartão-postal em Nova York

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