Morreu nesta sexta-feira (10), aos 91 anos, o cineasta espanhol Carlos Saura. Segundo o jornal El País, ele era considerado o último clássico do cinema espanhol, uma referência para o grande cinema de autor europeu. Ele receberia, neste sábado, um prêmio Goya de honra, que assim se torna um prêmio póstumo.
Saura foi um artista com curiosidade pelas várias facetas da vida. Produziu dramas secos e contundentes, numa linha de exploração do ser humano, das relações afetivas e sociais e das pulsões familiares, iniciada em “Los golfos” (1960) e finalizada com “El sétimo dia” (2004). Tinha também paixão por musicais, que o levaria de “Bodas de Sangue” (1981) a “El rey de todo el mundo” (2021), do flamenco à música mexicana, embora também tenha viajado pelo jota, o tango, os fados ou o folclore argentino.
Em setembro de 2020, Saura definiu qual era o seu talento: “Imaginação. Usei minha imaginação para contar histórias de que gosto e acho que outras pessoas vão gostar. Então eles não gostam deles de qualquer maneira, mas o que você vai fazer, nem sempre você está certo. Só o fato de deixarem você contar suas próprias histórias, dar um passo à frente, foi o que tentei a vida toda.”
Saura assistia a muitos filmes “porque assim aprendo o que não quero fazer. O que eu quero fazer? Não sei, o que tenho claro é o que não é” e se definia como “um ser de sorte, que dirigiu uns 50 filmes e fez os filmes que quis. E isso é um milagre.”
A sua morte deveu-se aos seus problemas respiratórios e ao rápido declínio do seu estado de saúde, que desde o ano passado, após um pequeno AVC e uma posterior queda enquanto passeava com os cães no final do verão, vinha debilitando-o gradativamente. Ele teve sete filhos com quatro companheiras.