Morreu neste sábado (31), a ex-senadora Maria do Carmo, em Aracaju, capital do Sergipe. Ela é a mulher com mais mandatos na história do Senado Federal, tendo ocupado o posto de parlamentar por 24 anos, entre 1998 e 2022. Sua morte ocorreu em decorrência de um câncer no pâncreas — ela estava internada na Unidade Intensiva de Atendimento no hospital São Lucas, onde passava por hemodiálise.
Nascida em 1941, em Cedro de São João, município de seis mil habitantes a cem quilômetros da capital sergipana, Maria do Carmo se formou em direito pela Universidade Federal do estado. Ela foi a primeira mulher senadora a ser eleita por Sergipe e cumpriu três mandatos consecutivos. Em 2019, foi uma das mulheres que assinou o requerimento que fundou a bancada feminina. Na política, foi filiada ao PFL, Democratas, União Brasil e Progressistas.
Ao final de sua última legislatura, em 2022, decidiu que não iria disputar a reeleição e se afastou de cargos eletivos. Em sua despedida, falou sobre sua trajetória:
— Trabalhei continuamente para enfrentar a violência doméstica contra a mulher e garantir o espaço feminino no mercado de trabalho, na ciência e na política. Acredito que pensar em políticas públicas de gênero é pensar também em desenvolvimento econômico.
Maria do Carmo era viúva do ex-governador de Sergipe e ex-prefeito de Aracaju, João Alves Filho, e foi primeira-dama da capital sergipana por oito anos, entre 1975 e 1979 e 2013 e 2017, e estadual entre 2003 e 2007. Nas gestões de Alves no Executivo, chegou a se licenciar do Senado em três ocasiões para chefiar secretarias.
Seu marido morreu em novembro de 2020, após sofrer uma parada cardíaca e ser diagnosticado com Covid-19. Ela deixa três filhos, Ana Maria, João Alves Neto e Maria Cristina, além de netos.
O velório foi iniciado às 23h no Cemitério Colina da Saudade, em Aracaju. Neste domingo, uma missa será realizada às 14h e o sepultamos, às 16h.
Recordista de mandatos
Com três mandatos exercidos, Maria do Carmo é a mulher que ocupou uma cadeira no Senado por maior tempo. Atrás dela, há outras quatro parlamentares que foram eleitas para duas legislaturas, totalizando 16 anos de Casa. São elas Marluce Pinto, Marina Silva, Lúcia Vânia e Kátia Abreu.
Autoridades se manifestam
No final da noite, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), declarou luto oficial de três dias.
“Sua atuação política foi marcada por sensibilidade social e preocupação com a defesa dos menos favorecidos. Sempre atuou na defesa dos interesses do seu estado e da região Nordeste. A morte da senadora Maria do Carmo entristece a todos que tiveram a honra de conviver com uma mulher de grande força política e capacidade de diálogo”, disse Pacheco em nota.
Outras autoridades também lamentaram, à exemplo do governador de Sergipe, Fabio Mitidieri (PSD). “Seu olhar técnico e trabalho sensível inspirou e abriu caminhos para as sergipanas na política. Como uma mãe, cuidou, ensinou e viverá para sempre nos corações de todos os sergipanos”, afirmou.
O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), destacou sua relação de amizade com a ex-senadora. “Era uma líder dedicada e uma amiga leal, que sempre teve uma relação muito próxima com meu avô, ACM, junto com seu marido, o ex-governador João Alves. Tive o privilégio de presidir o Democratas, partido que Maria do Carmo sempre integrou com dignidade e honra, e sua amizade e compromisso com nossas causas sempre foram motivo de orgulho”, escreveu nas redes sociais.