Em parcela expressiva da sociedade, o pronunciamento de Sérgio Moro ao deixar o governo não foi suficiente segundo o Estadão para amolecer corações desde sempre arredios ao ex-juiz no Legislativo e no Judiciário. Um experiente líder político avalia ser essa aversão a Moro, em linhas gerais, um ativo de Jair Bolsonaro na luta contra eventual processo de impeachment a partir das acusações do ex-ministro e com o que se sabe até aqui. Assim, enquanto as investigações não avançam, o Planalto ganha tempo para buscar amparo no Congresso.
Esquerda não apoia Moro
A relação da esquerda com Moro ainda é de ódio. É difícil imaginar parte da oposição apoiando com fervor uma ação capitaneado pelo ex-ministro.
As posições conservadoras de Moro e a prisão de Lula repelem a aproximação. Como ainda tem a simpatia de parte significativa do Centrão (deve ampliá-la, inclusive), dos evangélicos e do futuro Aliança, Bolsonaro, por baixo, teria hoje uns 200 votos para barrar o impeachment.
Futuro
A questão é: não há votação de impeachment marcada para hoje, lembra um líder. Ou seja, as investigações têm de avançar e contar com a disposição do MPF e do Judiciário.
No Supremo, há ao menos meia dúzia de ministros que não gostariam de dar a Moro, o ex-juiz da Lava Jato, o gosto de derrubar Bolsonaro e ganhar ainda mais projeção, seja para chegar ao Planalto ou adentrar a Corte. Na PGR, Augusto Aras até agora não deixou clara sua linha de atuação.