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Moro diz a juízes que se inspirou no italiano Falcone para deixar toga

Foto: Reprodução
segunda-feira 5 de novembro de 2018 às 04:13h

O juiz federal Sergio Moro enviou mensagem aos magistrados da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) em que revela ter se inspirado no juiz italiano Giovanni Falcone, da Operação Mãos Limpas, para decidir trocar a toga pelo comando do ministério da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PSL).

Eis a mensagem que Moro enviou aos colegas na última sexta-feira (2):

“Prezados colegas magistrados federais,

A todos que me endereçaram congratulações aqui, meus agradecimentos.

Foi uma decisão muito difícil, mas ponderada.

Em Brasília, trabalharei para principalmente aprimorar o enfrentamento da corrupção e do crime organizado, com respeito à Constituição, às leis e aos direitos fundamentais.

Lembrei-me do juiz Falcone, muito melhor do que eu, que depois dos sucessos em romper a impunidade da Cosa Nostra, decidiu trocar Palermo por Roma, deixou a toga e assumiu o cargo de Diretor de Assuntos Penais no Ministério da Justiça, onde fez grande diferença mesmo em pouco tempo. Se tiver sorte, poderei fazer algo também importante.

Da minha parte, sempre terei orgulho de ter participado da Justiça Federal e os magistrados terão sempre o meu respeito e admiração. Continuem dignificando a Justiça com atuação independente (mesmo contra, se for o caso, o Ministério da Justiça).

Abs a todos,

Sergio Fernando Moro”

Em abril de 2015, Moro revelou à jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor, quais foram os juízes que motivaram sua atuação na Lava Jato.

Além de Falcone, ele mencionou Earl Warren e Gilson Dipp.

Segundo explicou, Warren tirou a Suprema Corte dos EUA “do pelotão auxiliar do macarthismo para colocá-la na linha de frente da luta pelos direitos civis”.

Falcone, depois de conseguir a condenação da Cosa Nostra, na Itália, “dedicou-se a projetos de lei antimáfia”.

Dipp, um dos principais artífices das varas de crimes financeiros, foi, segundo a jornalista, “um dos juízes mais temidos pelos escritórios de advocacia do país”.

Maria Cristina observou que “o ministro aposentado do STJ foi preservado no oratório do comandante da Lava Jato a despeito do seu parecer contra a espinha dorsal da operação, a delação do doleiro Alberto Youssef”.

“A assessores que lhe cobraram a preferência, Moro disse que o parecer não é do juiz, mas do advogado”, registrou ela.

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