O vice-presidente do diretório do União Brasil em São Paulo, deputado Junior Bozzella, defendeu nesta sexta-feira (6) que o partido deveria lançar o ex-juiz Sergio Moro à Presidência ou como vice de Luciano Bivar em uma chapa presidencial, preservando a “condição nacional” do ex-ministro.
“Ele tem que ficar nas discussões macros e nacionais”, disse Bozzella ao portal UOL – Manhã, programa do Canal UOL, defendendo também que Moro não saia como deputado federal por São Paulo, para “se preservar”.
Para Bozzella, Moro também poderia ser até mesmo um bom candidato ao Senado pelo estado, ajudando no “palanque” do pré-candidato e atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) na busca de ser eleito no pleito do final do ano para o governo de São Paulo.
“Não podemos descartar as possibilidades, e também não podemos colocar nada goela abaixo”, acrescentou Bozzella, dizendo que Moro “nunca saiu das discussões nacionais — e nem deveria”. “Ele tem que estar à disposição do Bivar”, pontuou.
Ao se filiar ao União, no final de março, Moro disse que abriria mão da pré-candidatura à Presidência. Na época, ele marcava 8% de intenções voto na mais recente pesquisa Datafolha.
No dia seguinte, porém, Moro disse que não “não desistiu de nada” e que também não postularia candidatura à Câmara dos Deputados, como vinha sendo ventilado nos bastidores.
Ainda no dia 1º de abril, o União Brasil emitiu nota rebatendo o então recém-filiado Moro, afirmando que o ingresso do ex-ministro da Justiça na legenda era visando uma candidatura a deputado estadual, federal ou, “eventualmente”, ao Senado.
“Em caso de insistência em um projeto nacional, o partido vai impugnar a ficha de filiação de Moro”, disse ainda o União Brasil no comunicado, assinado pelo deputado federal Alexandre Leite (SP).
Chapa pura do União
O União está buscando construir uma candidatura de “chapa pura” — postulado a presidente e vice do mesmo partido — após anunciar, na última quarta-feira (4), que abandonou o bloco nacional com o MDB, o PSDB e o Cidadania.
O bloco buscava lançar uma candidatura única a presidente nas eleições de 2022, em contraponto às do atual mandatário da República, Jair Bolsonaro (PL), e do ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva (PT).
Segundo Bozzella, o União — que colocou Bivar como nome para liderar o bloco — deixou o grupo por causa da falta de consenso dentro do MDB — que indicou a senadora Simone Tebet (PE) — e do PSDB — que apontou, por votação em prévias, o nome de João Doria, ex-governador de SP.
Uma ala pró-Lula do MDB, estrelada pelo senador Renan Calheiros (AL), prefere que o partido se alie ao petista. Já no PSDB, o nome de Doria enfrenta resistências de alas que preferem Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul, como o nome dos tucanos para o pleito.
“O União não pode ficar à mercê”, pontuou Bozzella. “Nos nutrimos de ferramentas importantes para que tenhamos uma candidatura minimamente sólida, consistente e à altura desses dois polos (Lula e Bolsonaro)”, acrescentou.
Projeções indicam que o União Brasil deve receber mais de R$ 770 milhões do fundo eleitoral, que será utilizado pela legenda para financiar campanhas de filiados. O PT, segundo colocado, deve arrecadar pouco mais de R$ 484 milhões com o mecanismo. O PL, R$ 280 milhões.
“Acho justo que o União Brasil, dentro do seu DNA e da sua essência, queira uma candidatura a presidente — mas competitiva, sólida e séria, para fazer frente aos extremos”, afirmou Bozzella ao UOL.