Expectativa é que presidente eleito proponha ‘superministério’, englobando áreas de segurança e transparência; no avião, juiz diz buscar ‘convergência’
O juiz federal Sergio Moro chegou ao Rio de Janeiro nesta quinta-feira para uma reunião ainda no período da manhã com o presidente eleito da República, Jair Bolsonaro (PSL). No encontro, Bolsonaro deve oficializar o convite para Moro assumir o Ministério da Justiça em seu governo.
No avião que o transportou ao Rio, que decolou de Curitiba por volta das 6h30 da manhã, o juiz responsável pela Operação Lava Jato falou ao canal Globonews. Segundo ele, ainda é “prematuro” falar sobre a sua resposta ao convite, mas que, se ele e Bolsonaro tiverem “convergência” em relação a agendas contra a corrupção e a criminalidade, assumir a função passa a ser uma “possibilidade”.
Em um movimento de redução do número de ministérios, com a fusão e incorporação de pastas atuais, o presidente eleito deve propor a Sergio Moro um poder inédito para um ministro da Justiça no Brasil. O “superministério” deve incluir as funções atualmente exercidas pelas pastas da Segurança Pública e da Controladoria-Geral da União (CGU). além do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Assim, se aceitar, Moro vai comandar uma megaestrutura que o fará ser o responsável no governo do comando da Polícia Federal (PF) às funções de promoção da transparência e de gestão do sistema penitenciário federal.
Nos últimos dias, Moro ouviu ponderações sobre os prós e contras de assumir um cargo executivo no recém-eleito governo Bolsonaro. Além de ter de deixar a magistratura, o juiz teria de lidar com o discurso de petistas de que suas sentenças no petrolão – que até o momento foram responsáveis por 215 condenações contra 140 pessoas – tiveram viés político.
A narrativa do PT tende a ser potencializada com a proximidade da conclusão do processo em que o ex-presidente Lula é acusado de ter recebido um terreno e um apartamento como propina da empreiteira Odebrecht. Dentro de duas semanas, o ex-presidente também deve ficar cara a cara com o juiz durante depoimento em que Lula é acusado de ter sido beneficiado pelas empreiteiras OAS e Odebrecht com reformas em um sítio em Atibaia.