Integrantes da campanha do ex-juiz Sergio Moro disseram à CNN que a estratégia no curto prazo é buscar se distanciar nas pesquisas dos candidatos da chamada terceira via para cada vez mais tentar se consolidar como o anti-Lula nas eleições de 2022.
Nesse sentido, Moro deverá dizer nas conversas que terá com políticos que sua candidatura é pra valer e irá até o fim. Isso porque seus interlocutores já notaram que vem sendo levantado nos bastidores a possibilidade de ele desistir da candidatura presidencial em nome de uma composição com algum dos nomes da terceira via.
Eles garantem, contudo, que isso não ocorrerá, que ele irá se candidatar, que é o que tem mais chances de derrotar Lula e que é o petista, e não Bolsonaro, seu principal alvo. Essa ideia inclusive já vem sendo feita nas suas redes sociais. De 30 posts publicados no último mês, dez são atacando Lula e nenhum atacando Bolsonaro.
Há nessa estratégia a ideia de também atrair bolsonaristas arrependidos. A pré-campanha de Moro avalia que a mensagem que ele deve passar daqui em diante é de resgate de valores, algo que Bolsonaro usou nas eleições de 2018 mas, segundo aliados de Moro, não conseguiu entregar no seu mandato. Por isso, a linha da campanha de Moro até agora foi baseada nas teses bolsonaristas de 2018: reformas econômicas, liberalismo, segurança pública e, claro, combate à corrupção, que será sim sua principal bandeira.
O lançamento de sua autobiografia “Contra o sistema de corrupção” nesta semana se insere nesta estratégia de começar a retomar o tema tendo em vista que a economia, e não a corrupção como em 2018, é a grande preocupação do brasileiro segundo as pesquisas. Moro fará lançamentos do livro em pelo menos quatro cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Curitiba.
A pré-campanha discute ampliar o número de capitais para pelo menos dez das 27 do país. A ideia é justamente tentar apresentar a sua versão da Operação Lava Jato e principalmente como ele enxerga o fato de muitas suas sentenças contra Lula terem sido anuladas por ter sido considerado pelo Supremo Tribunal Federal um juiz parcial. A expectativa é que o roteiro do livro ajude a diminuir a taxa de rejeição de Moro, que é alta. Seus estrategistas também consideram que as avaliações de que ele tem teto não procedem.
Pesquisas qualitativas foram feitas e apontaram que é possível atrair o eleitor lulista que é anti-Bolsonaro e o bolsonarista que é anti-Lula. Isso ajuda a entender também por que a campanha não pretende que Bolsonaro seja o alvo preferencial, e sim Lula.
Há ainda o desafio de alcançar as classes mais baixas. Hoje o eleitor de Moro segundo as pesquisas internas do partido está no Sul e Sudeste, tem alto poder aquisitivo e se concentra nos grandes centros urbanos.
Essa conversa por exemplo deverá estar presente no encontro que ele terá neste sábado com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O evento é considerado chave na pré-campanha de Moro porque além deste encontro, ele participará do ato de filiação do deputado estadual Maurício Zebrick ao partido. Também está prevista a participação dele no lançamento da candidatura de Deltan Dellagnol.