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sexta-feira 2 de dezembro de 2022 às 09:12h

Mobilidade: plataforma de passagens para ônibus avança no mercado nacional

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Com a inflação nas alturas, atividades básicas como se locomover entre cidades ficam mais caras. O preço das passagens de avião é o mais alto em 12 anos, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). E com o aumento do valor dos carros ter um veículo próprio dificilmente é uma opção. Preso na economia disfuncional que estamos, o brasileiro escolheu o ônibus rodoviário como opção de locomoção intermunicipal. A alta da categoria chegou a 60% neste ano, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Transportes Terrestres (Abrati). Os preços mais acessíveis, no entanto, muitas vezes poderiam significar atrasos, desconforto e até viagens ilegais. Para resolver essas dores é que nasceu a Embarca. Com R$ 28 milhões investidos em tecnologia, a startup quer concorrer no mercado de marketplaces de passagens de ônibus com uma solução que reduz o preço das passagens enquanto aumenta o lucro das companhias. “O cliente que procura passagens em determinados horários ou com 10 a 15 dias de antecedência chega a pagar 50% menos”, disse Felipe Gulin, CEO da Embarca.

No último ano, a empresa se tornou um dos maiores marketplaces de passagens de ônibus do Brasil, reunindo, segundo afirmam, 61% das companhias nacionais do segmento. Ela atua também como plataforma digital completa para operadoras de transporte, responsável por toda a estratégia comercial e jornada do cliente em áreas como venda, marketing e logística. Com três anos, a companhia tem um objetivo em mente: melhorar esse mercado com base na experiência própria dos fundadores enquanto trabalhavam no segmento. “Temos uma grande oportunidade de explorar novidades do mercado, trazendo os dados como algo fundamental e o customer centric”, disse Gulin.

A partir desse grande portfólio de clientes, a proposta agora é oferecer a nova solução de precificação para eles. Um algoritmo que junto a outros aparatos tecnológicos, implementados tanto nos ônibus como nas centrais de operação, entende o comportamento de compra e utilização dos veículos e viagens. “São muitas variáveis levadas em conta, como a probabilidade de venda, informações de mercado e elasticidade”, afirmou. Com essas informações o programa otimiza a precificação de passagens, um ganha-ganha para ambos os lados, sendo que ficam até 50% mais baratas para o usuário final em períodos não considerados ‘de pico’ e em compras com antecedência, ao mesmo tempo em que aumenta em até 23% a receita das companhias rodoviárias.

GUSTAVO QUEIROZ

“Temos uma grande oportunidade de explorar novidades do mercado, trazendo os dados como algo fundamental” Felipe Gulin CEO da Embarca.

O mercado tem um player referencial relevante, a Buser. Por isso ganhar tração depende realmente mais do que apresentar números, mas atrair o consumidor. Mas é fato que a digitalização dos serviços rodoviários resolve um dos principais problemas do modal, o georreferenciamento, tecnologia que é presente na maioria das vezes apenas nas viagens dentro de grandes cidades, onde os ônibus até tem GPS, mas os dados gerados não são organizados e tratados.

Glaucia Pereira, fundadora e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Multiplicidade Mobilidade Urbana, cita pesquisa da entidade em 17 cidades brasileiras que revelou que nem todas possuíam dados georreferenciados e abertos dos ônibus. “Ter dados em formatos abertos facilita que aplicativos sejam desenvolvidos para diversas utilidades e para que as pessoas programem melhor os trajetos, além de ser imprescindível para fiscalização da prestação de serviço”, afirmou.

BAIXA CONCORRÊNCIA

Segundo o CEO Gulin, como esse mercado sempre foi muito regulamentado e com pouca concorrência, demorou para que as empresas percebessem a necessidade de mudança e aplicação de tecnologias para melhorar os serviços. “A concorrência veio de repente e com ela, a abertura de mercado, trazendo diversos produtos substitutos.” A atuação, que começou no Rio Grande do Sul e Santa Catarina está se expandindo agora para outras regiões, com o objetivo de atender todo o território nacional. Duas linhas já foram inauguradas na Bahia, uma no Rio de Janeiro, complementando o portfólio de cidades e estados, que incluem ainda Minas Gerais e São Paulo. Com a tecnologia de carona para transformar o setor.

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