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Ministros reagem a fala de Eduardo Bolsonaro: ‘golpista’ e ‘inadequada’

segunda-feira 22 de outubro de 2018 às 09:57h

A fala do deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de que “basta um soldado e um cabo” para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), provocou reações intensas entre os ministros da Corte, responsável por resguardar o cumprimento da Constituição. Desde ontem, ao menos três ministros já vieram a público repudiar as declarações do filho do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), mas a mais forte veio justamente do decano do Supremo, o ministro Celso de Mello, que a tachou de “golpista”.

“Essa declaração, além de inconsequente e golpista, mostra bem o tipo (irresponsável) de parlamentar, cuja atuação no Congresso Nacional, mantida essa inaceitável visão autoritária, só comprometerá a integridade da ordem democrática e o respeito indeclinável que se deve ter pela supremacia da Constituição da República”, afirmou o magistrado, por escrito, ao jornal Folha de S.Paulo.

Segundo na linha de antecedência no Supremo, o ministro Marco Aurélio Mello afirmou que vivemos “tempos estranhos” e que a fala de Eduardo Bolsonaro representa uma falta de “respeito com as instituições pátrias”. “Vamos ver onde é que vamos parar”, complementou.

Neste último domingo (21) durante uma coletiva para falar sobre o combate às fraudes e notícias falsas nas eleições de 2018, a ministra Rosa Weber, do STF e também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que as instituições brasileiras estão “funcionando normalmente” e que os juízes brasileiros não devem “se abalar” com uma declaração que é, na sua visão, “de todo inadequada”.

O vídeo que viralizou nas redes sociais ao longo do dia de ontem é de uma palestra que o deputado Eduardo Bolsonaro fez antes do primeiro turno em um curso preparatório para um concurso da Polícia Federal. Questionado sobre a possibilidade de o Supremo barrar, por algum motivo, a candidatura de Jair Bolsonaro e o Exército reagir em favor do capitão da reserva, o parlamentar fez o comentário, dizendo que a Corte máxima do país precisaria “pagar para ver”. Abaixo, na íntegra, em texto e em vídeo.

“Aí já está caminhando para um estado de exceção. O STF vai ter que pagar para ver e aí vai ser eles contra nós. Você está indo para um pensamento que muitas pessoas falam e muito pouco pode ser dito. Mas se o STF quiser arguir qualquer coisa, sei lá. Recebeu uma doação de 100 reais do José da Silva, impugna a candidatura dele. Eu não acho isso improvável, mas vai ter que pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca lá, se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo. O que que é o STF, cara? Tipo, tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que que ele é na rua? Se você prender um ministro do STF, acha que vai ter uma manifestação popular a favor do ministro do STF? Milhões na rua? Solta o Gilmar! Solta o Gilmar?“.

‘Psiquiatra’ e ‘brincadeira’

Pai e filho reagiram após a repercussão negativa do assunto. Em uma rede social, Eduardo Bolsonaro afirmou que nunca defendeu o fechamento do Tribunal e que apenas ironizou “com uma brincadeira que eu ouvi de alguém na rua”, a hipótese “esdrúxula”, na qual seu pai teria a candidatura “impugnada pelo STF sem qualquer fundamento”. “Se fui infeliz e atingi alguém, tranquilamente peço desculpas e digo que não era minha intenção”, justificou.

Mesmo assim, o deputado federal ainda argumentou que acredita que a gravação só veio à tona “com a proximidade das eleições”. Ele também disse acreditar que a eleição “sacramentará um governo legítimo, eleito pela maioria dos eleitores, que terá tudo para unir os brasileiros e seguir a Constituição, atitude que não é defendida pelo PT”.

O próprio candidato se manifestou sobre o tema. Em uma entrevista coletiva, Jair Bolsonaro afirmou que “se alguém disse sobre fechar o STF, precisa procurar um psiquiatra”. Ele também afirmou que desconhecia a fala de Eduardo e que acreditava que o trecho foi “retirado de contexto”.

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