Agora que Lula já escolheu seu advogado Cristiano Zanin para a vaga aberta no Supremo, uma outra disputa esquentou nos bastidores, pela substituição do procurador-geral da República, Augusto Aras.
O mandato de Aras só termina no final de setembro, mas vários grupos de interesse já manifestaram segundo a coluna de Malu Gaspar, no O Globo, suas preferências a Luiz Inácio Lula da Silva, a quem cabe a escolha.
Um desses grupos, formado pelos ministros do Supremo Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, aproveitou o acesso VIP ao presidente durante o churrasco no Palácio da Alvorada, no final de maio, para falar a favor de seu favorito à substituição de Aras.
Tanto Moraes quanto Gilmar disseram a Lula que gostariam de ver no comando da PGR o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet.
Gonet é amigo e já foi sócio de Gilmar no Instituto Brasiliense de Direito Público. Também apresentou parecer favorável à condenação de Jair Bolsonaro na ação que pode torná-lo inelegível no julgamento da semana que vem, sobre a reunião que o ex-presidente fez com embaixadores estrangeiros para lançar suspeitas sobre as urnas eletrônicas.
O apoio dos dois ministros pode fazer diferença a favor de Gonet, e não só porque o presidente está empenhado em atender aos dois ministros — Moraes é presidente do Tribunal Superior Eleitoral e Gilmar, decano da corte, é politicamente influente em vários tribunais.
Lula á avisou que não pretende seguir a lista tríplice formada pelos procuradores da República em eleição direta, como fez em seus dois primeiros mandatos.
A votação ocorre no próximo dia 21 e Gonet não está na disputa, mas aparentemente isso agora pode contar a seu favor e não contra ele.
Um dos candidatos que corre por fora, porém, é o próprio Augusto Aras, que tem movimentado seus contatos no PT baiano, como o senador Jaques Wagner, para tentar convencer Lula de que ele merece a recondução.
Embora tenha sido escolhido por Bolsonaro para seus dois mandatos, Aras espera convencer os petistas de que vai agir com eles da mesma forma que com o ex-presidente: poupando o chefe do Planalto de investigações e ações judiciais.
Como Lula também já avisou que seu critério primordial de escolha será a lealdade e não a pressão da categoria ou a independência política, Aras ainda alimenta esperanças.
Na conversa com Lula, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes elogiaram Gonet e sugeriram que ele também saberá ser leal.
A propósito: durante o churrasco, quando mencionou os erros cometidos em escolhas anteriores para postos no Judiciário, Lula desceu a borduna no ex-PGR República Rodrigo Janot, que estava no comando durante a Lava Jato.
Se Gonet conseguir demonstrar a Lula que saberá ser um anti Janot, ganha pontos. Cabos eleitorais poderosos ele já tem.