terça-feira 8 de outubro de 2024
Lula, o presidente da Câmara, Arthur Lira, ministros e líderes partidários durante reunião no Palácio da Alvorada — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
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terça-feira 8 de outubro de 2024 às 08:39h

Ministros do Centrão ajudam na eleição de 96 prefeitos, enquanto auxiliares do PT conseguem emplacar 17

ELEIÇÕES 2024, NOTÍCIAS, POLÍTICA


Ministros do presidente Lula da Silva (PT) tiveram sucesso ao exercer o papel de cabo eleitoral em mais da metade das cidades em que pediram votos a aliados. Dos 224 candidatos diretamente apoiados por integrantes do primeiro escalão, 113 foram eleitos no último domingo (6). Os auxiliares com o melhor desempenho, porém, são de siglas de centro. Juntos, os chefes de pastas de MDB, União Brasil, PSD, Republicanos e PP contribuíram para eleger 96 gestores, o que representa 85% dessas vitórias. As informações são de Jeniffer Gularte e Karolini Bandeira, do O Globo.

Já outros 17 prefeitos foram eleitos com ajuda de ministros do PT. Na reta final da campanha, os auxiliares tiraram férias, trocaram o terno e a gravata por adereços de campanha e se engajaram nas disputas de suas bases eleitorais.

O empenho está atrelado a 2026, quando a maior parte deles tentará uma vaga na Câmara, no Senado ou em governos estaduais. Ao reforçar a base eleitoral neste momento, os futuros candidatos terão apoios pulverizados em seus estados para daqui a dois anos.

Ao longo da disputa, o ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), foi o que mais se envolveu em disputas municipais. Desde o início da campanha, visitou 67 cidades do Pará para apoiar aliados, participando de comícios, carreatas e caminhadas. Dos candidatos que estavam ligados à imagem do ministro, 44 foram eleitos no domingo e 23 foram derrotados.

Jader Filho integra o clã Barbalho no Pará, liderado pelo governador Helder Barbalho. A família foi fundamental para colocar Igor Normando (MDB) no segundo turno da disputa de Belém. Normando é primo de segundo grau de Jader Filho e Helder e vai disputar o comando da capital paraense com Delegado Eder Mauro (PL).

— Estou muito satisfeito com a eleição, elegemos muitas prefeituras de muitos aliados, são estratégias nossas que envolvem aliados que são leais. E vamos pro segundo turno em Santarém e em Belém, duas das três maiores cidades do Estado — disse Jader Filho ao jornal O Globo.

Em Alagoas, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB) teve mais êxito em seus apoios. Dos oito palanques aos quais se dedicou na reta final da campanha, seus candidatos venceram em seis — Murici, Estrela de Alagoas, Delmiro, Socorrinho, Viçosa e São josé da Laje —, todos no interior do estado. Na capital, Maceió, Rafael Britto (MDB), apoiado por Filho, foi derrotado pelo atual prefeito JHC.

Autorizado por Lula a tirar férias de 23 de setembro a 7 de outubro, o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), foi a nove palanques no Maranhão e sete dos seus aliados foram eleitos. No mesmo estado, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), visitou 31 cidades durante a campanha e 19 candidatos apoiados por ele foram eleitos ;12 foram derrotados.

A principal campanha do ministro da Pesca, André de Paula (PSD), foi para a filha, Déa de Paula (PSD), que tentou uma vaga na Câmara Municipal do Recife. O ministro participou ativamente dos atos de campanha de Déa em Pernambuco, seu reduto eleitoral, além de dezenas de fotos e vídeos de apoio à filha, que, apesar dos esforços do pai, não conseguiu ser eleita. Déa de Paula ficou como suplente.

“Independente do resultado, saio com a sensação de vitória. (…) o maior prêmio foram os laços criados até aqui. A quem vai assumir uma cadeira na Câmara, deixo um pedido de coração: não esqueça das verdadeiras motivações de quem confiou em você”, escreveu a filha do ministro nas redes.

Mesmo sem se ausentar do Palácio do Planalto, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), fez campanha em onze cidades do interior da Bahia aos finais de semana. Em seis dessas cidades, seus aliados foram eleitos. Em outras quatro, foram derrotados, e um foi para o segundo turno, em Camaçari. Quarta maior cidade da Bahia e sede do polo industrial mais importante do estado, a cidade era uma das mais cobiçadas pelo PT, que agora disputará o segundo turno entre Luiz Caetano (PT) e Flavio Matos (União Brasil).

Ausente na campanha derrotada de Geraldo Júnior (MDB) em Salvador, Rui Costa optou por apoiar aliados de siglas além do PT e que também integram o grupo político que comanda o governo baiano. Entre eles, Laryssa Dias (PP), eleita prefeita de Ipiaú, e Denize Menezes (PSD), que perdeu a disputa em Campo Formoso.

De férias na semana que antecedeu a campanha, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, focou esforços em 19 cidades gaúchas. Em quatro municípios, aliados saíram vencedores, enquanto a derrota foi colhida em 11 — outras quatro ainda terão o segundo turno.

O empenho de Pimenta foi maior em sua cidade natal, Santa Maria, onde Valdeci Oliveira (PT) foi para o segundo turno com Rodrigo Decimo (PSDB). Mesmo com a presença do ministro, a legenda perdeu o comando de São Leopoldo, maior cidade governada pelo PT no Rio Grande do Sul, para Delegado Heliomar, do PL de Jair Bolsonaro.

Também em férias, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT) participou ativamente da campanha à prefeitura do correligionário Luiz Fernando, em São Bernardo do Campo (SP), reduto do presidente Lula. A ajuda de Marinho, porém, não foi suficiente para levar o petista para o segundo turno, que será disputado entre Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania).

Para se dedicar à região do ABC, berço do petismo, ao interior de São Paulo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), também tirou férias e focou em dez cidades. O PT foi para o segundo turno em Mauá e Diadema e perdeu todas as demais, inclusive Araraquara, que era comandada por Edinho Silva, cotado para assumir o comando nacional do PT a partir de 2025.

O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), envolveu-se diretamente em campanhas de pelo menos sete municípios do Ceará, chegando a apoiar até adversários do próprio partido. Santana priorizou retribuir o apoio que recebeu em 2022, quando foi eleito senador pelo estado, e até mesmo divulgou vídeo ao lado de candidata classificada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “defensora de Bolsonaro”. O caso aconteceu em Nova Russas, e a candidata em questão era Giordana Mano (PRD), reeleita prefeita.

Até a ministra da Saúde, Nísia Trindade, conhecida dentro do governo por ter um perfil técnico e pouco político, se movimentou para apoiar candidatos do PT em três capitais: Goiânia, Belo Horizonte e Cuiabá, onde Lúdio Cabral foi para o segundo turno.

Em Goiânia, ela chegou a participar de um evento ao lado de Adriana Accorsi (PT), que ficou em terceiro lugar na corrida para a prefeitura e está de fora do segundo turno.

Nome do PSB no governo, o ministro do Empreendorismo, Márcio França, fez campanha em seis cidades paulistas, com foco em Tabata Amaral (PSB), na capital. Levou apenas um aliado para o segundo turno, William Souza em Sumaré, que vai disputar com Henrique do Paraíso (Republicanos) e sofreu cinco derrotas.

Os números do desempenho de ministros:

  • 22 ministros apoiaram 224 candidatos
  • 113 vitórias
  • 94 derrotas
  • 17 vão para o segundo turno

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