O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, ainda nem chegou ao PL como indicado do presidente Jair Bolsonaro para disputar o governo de São Paulo em 2022, mas o movimento já coloca segundo a coluna de Maquiavel, na Veja, a bancada da legenda na Assembleia Legislativa do estado de São Paulo (Alesp) em uma saia-justa.
Isso porque os sete deputados integram a base de apoio do governo João Doria (PSDB). O partido também ocupa cargos no Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), autarquia do governo de gerenciamento de recursos hídricos do estado. Além disso, o cacique da legenda, Valdemar Costa Neto, havia se comprometido com o apoio da legenda à campanha de Rodrigo Garcia, vice de João Doria e que tentará a sucessão ao Palácio dos Bandeirantes pelo PSDB.
Acontece que uma das condições de Bolsonaro para se filiar ao PL foi que o partido abrisse mão dessa promessa, já que o presidente bateu o pé para não ver seu novo partido na campanha de um desafeto. “Não conseguir colocar um candidato no principal estado da federação seria uma demonstração inaceitável de fraqueza para o Bolsonaro. Então ele pega um quadro técnico na tentativa de garantir que não será traído pelo diretório estadual do PL”, afirma o cientista político Eduardo Grin, da FGV. “Bolsonaro precisa de um candidato forte, que dê palanque para ele, que faça campanha, que fale dele nos debates”, prega o deputado federal Capitão Augusto, um dos líderes do PL em São Paulo.
Uma parte da bancada do partido na Alesp, no entanto, se sentiu preterida das discussões e está desconfortável por integrar a base da gestão tucana e ser orientada a apoiar um forasteiro — Tarcísio tem domicílio em Brasília. Some-se a isso a capacidade que Garcia demonstra para costurar acordos com prefeitos e vereadores no comando da azeitada máquina tucana — o vice tampouco pretende abrir mão do apoio do PL. “Quem faz campanha de governador é deputado. Se ele sente o cheiro de que não vai dar certo, ele abandona a campanha”, afirma Marcelo Vitorino, professor de marketing político da ESPM.
Muito embora o ministro ainda não admita publicamente que aceitará o desafio de se candidatar ao governo paulista — preferia tentar o Senado por Goiás — o entorno do presidente já conta com o “sim” de Tarcísio. Reportagem de VEJA desta semana mostra que ele terá como aposta para conseguir fazer prosperar sua candidatura as ações de infraestrutura de sua pasta — uma elogiada agenda de concessões e privatizações no setor que envolve a construção de ferrovias, o aeroporto de Congonhas e o porto de Santos. Mas além das dificuldades que terá que superar no PL, ter Bolsonaro como principal cabo eleitoral também será um problema. Segundo pesquisa da Quaest de novembro, 56% dos paulistas avaliam a gestão federal de forma negativa.