Na reunião a portas fechadas com 500 assessores do governo o presidente Lula da Silva (PT), além de cobrar o fim do “off” (informações de bastidor passadas a jornalistas, com a preservação do sigilo das fontes) e de anunciar que fará um balanço das entregas da administração petista, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Sidônio Palmeira, também aproveitou para dar recados que foram interpretados como alfinetada no seu antecessor na pasta, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).
Sidônio assumiu o comando da Secom em 14 de janeiro no lugar de Pimenta, demitido após uma série de críticas do presidente às estratégias de comunicação do Planalto.
Aos assessores de imprensa do governo, Sidônio disse que chegou ao cargo para devolver a Secom ao lugar de apoiar os outros ministérios do governo Lula. Também avisou que, em vez de ficar querendo aparecer, não é papel dele dar entrevista. Ou seja, fez questão de marcar o contraponto em relação ao perfil de Pimenta.
O ministro-marqueteiro – que odeia essa alcunha, aliás – não citou explicitamente o nome de Paulo Pimenta, mas fontes que acompanharam a reunião informaram à equipe da coluna que não houve dúvidas sobre quem era o alvo do comentário.
“Quem tem neurônios entendeu”, resume um assessor ouvido reservadamente pelo blog.
Um dos trabalhos a que o ministro da Secom se dedicou desde que assumiu o cargo, foi fazer um diagnóstico do que o governo Lula já realizou e comparar com a percepção da população. A conclusão foi de que a comunicação falhou em marcar as diferenças entre como o Brasil estava e como está hoje, sob Lula. Daí porque ele criou o slogan “Brasil dando a volta por cima”, apresentado na reunião.
O mote é uma tentativa de martelar a ideia de que o país ainda se recupera da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A frase, porém, não substituirá o slogan oficial do governo: “União e Reconstrução”
O diagnóstico completo deve ser apresentado em 2 de abril à imprensa e à sociedade em um evento com a participação do presidente Lula.
Na reunião com assessores, Sidônio também mencionou situações da gestão passada em que eventos para lançamento de programas e iniciativas do governo eram feitos nos ministérios sem um prévio alinhamento de formato e conteúdo com a Secom – assim como também se faziam eventos da Secom em que os ministérios relacionados ao assunto não era consultado com antecedência. Isso não deve mais acontecer, segundo a nova diretriz apresentada pelo ministro.
Outro pedido feito por Sidônio aos diversos ministérios é que não se concentrem apenas em seus próprios assuntos ao fazer a defesa do governo, mas sempre que possível também reforcem outras realizações – como os programas Pé de Meia, aumento no número de médicos e redução da fome, por exemplo.