Foi oficializada nesta quarta-feira (10) a primeira mudança em cargos-chave da diplomacia brasileira fora do País. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, retirou o embaixador Sergio Amaral do comando da embaixada brasileira nos Estados Unidos ― posto mais importante no exterior. Amaral irá para a representação do Itamaraty em São Paulo. As mudanças constam no Diário Oficial da União desta quarta.
Por enquanto, a embaixada ficará sob o comando de Fernando Pimentel, encarregado de negócios da embaixada. A mudança ocorre no momento em que o vice-presidente Hamilton Mourão está em Washington e sua visita tem sido considerada um contraponto a Bolsonaro, por ter se alinhado a moderados.
A decisão do ministro, no entanto, já era esperada desde o início do governo com o protagonismo dado à relação com os Estados Unidos nesta nova gestão. Houve expectativa de que o anúncio da mudança ocorresse na visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, em meados de março.
Desde então a probabilidade é que a embaixada seja entregue ao diplomata Nestor Forster, que serve em Washington. Ele tem se destacado no relacionamento com o governo. De acordo com a Folha de S.Paulo, foi ele quem sugeriu a troca de camisetas de suas seleções de futebol entre Bolsonaro e o presidente Donald Trump.
Ele sugeriu ainda a troca na agenda de Bolsonaro, que previa visita ao Memorial Nacional da Segunda Guerra e foi confirmada ao Cemitério Nacional de Arlington — avaliada com uma opção melhor por Forster.
O diplomata também organizou o jantar de recepção de Bolsonaro nos EUA, com a presença de líderes da direita americana, além do ex-estrategista de Trump Steve Bannon.
Forster tem o aval de Olavo de Carvalho, o guru ideológico do governo, de quem é amigo. A indicação de Araújo para o Itamaraty também partiu de Olavo, que é próximo aos filhos de Bolsonaro, especialmente Eduardo (PSL-SP), deputado que preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. O próprio guru chegou a ser cogitado para o posto, mas a possível indicação foi enterrada antes mesmo da posse de Bolsonaro.
Outro nome que já foi ventilado para o cargo é o do advogado Murillo de Aragão, da Arko Advice. Ele tem boa relação com a ala militar do Planalto.
De saída
Amaral estava em Washington desde 2016. Entre os destaques de sua carreira está a condução da negociação da dívida externa brasileira no Comitê de Credores e no Clube de Paris. Ele também foi porta-voz e ministro da Indústria e Comércio no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Na terça-feira (9), Araújo fez outra alteração em sua equipe. Trocou o comando da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), órgão vinculado ao ministério, pela segunda vez este ano. Araújo exonerou o diplomata Mário Vilalva, que substituia Alex Carreiro, demitido em 9 de janeiro, pelo Twitter pelo chanceler.