O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, requereu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a inclusão do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no inquérito das fake news sob a alegação de que eles fizeram publicações em que “insinuam envolvimento” do integrante do governo Lula com o crime organizado.
Além dos dois, a notícia-crime do ministro também atinge o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e os deputados Carlos Jordy (PL-RJ), Paulo Bilynsky (PL-SP), Otoni de Paula (MSB-RJ) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
O ministro da Justiça disse ter visto “multiplicação organizada e sistemática de um grupo visando propagar, pelo menos, duas fake news”: a de que ele se reuniu com traficantes ou chefes de organizações criminosas; e a de que ele estava sem escolta policial. Segundo ele, os parlamentares tentaram ferir sua honra e imputar-lhe cometimento de crime.
O pedido de investigação foi encaminhado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, justamente um dos principais alvos de críticas da base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele é relator de investigações que atingem o ex-chefe do Executivo e seus apoiadores.
Sobre as postagens
No pedido, o ministro indicou que o deputado Eduardo Bolsonaro escreveu em suas redes sociais: “Flávio Dino, o ministro que entra na Maré, complexo de favelas mais armado do Rio, com apenas 2 carros e sem trocar tiros. Vamos convocá-lo na Com. Segurança Pública para explicar o nível de envolvimento dele e seu chefe, Lula, com o crime organizado carioca. Isto é um absurdo!”.
Já o deputado Carlos Jordy publicou vídeo com a legenda: “Ministro da Justiça de lula visita o Complexo da Maré e se reúne com lideranças. Ele foi sem segurança nem escolta. Convocaremos Dino para que preste esclarecimentos sobre sua visita a um local dominado pelo tráfico.”
O outro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Flávio, também fez um post sobre a visita de Dino à Maré. Na legenda, o senador escreveu: “O ministro Flávio Dino poderia compartilhar com nossos policiais do Rio qual a mágica para entrar num local, com presença de traficantes armados com fuzis, sem ser recebido a tiros!”.
Na notícia-crime encaminhada ao STF, Dino declarou que a Corte máxima já decidiu que “a imunidade parlamentar não pode ser usada como verdadeiro escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas, ainda mais quando contrárias à ordem constitucional e ao Estado Democrático”.
Ainda segundo o ministro da Justiça, as publicações ainda “estão carregadas de preconceito contra as camadas menos abastadas da sociedade, especialmente as favelas e demais periferias urbanas, que são frequentemente alcançadas pela discriminação e racismo”.