O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, rejeitou, na segunda-feira (11), a ideia de um cessar-fogo no Líbano. Segundo ele, apenas uma proposta cumprindo todas as exigências do governo, incluindo a rendição do grupo extremista Hezbollah, seria analisada. Até lá, ele afirmou que “não haverá cessar-fogo ou pausa nos ataques” contra o grupo.
A declaração de Katz aconteceu poucas horas após o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, anunciar um pequeno avanço nas negociações de cessar-fogo no Líbano. Em conferência de imprensa, o diplomata havia dito que o país estava trabalhando nas negociações ao lado de representantes dos Estados Unidos.
“Estaremos prontos se soubermos, antes de tudo, que o Hezbollah não está na nossa fronteira, e que o Hezbollah não poderá se armar novamente”, afirmou Saar.
A proposta de cessar-fogo vem sendo discutida desde outubro. A ideia é garantir a Resolução 1701, aprovada em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU). O texto põe fim às hostilidades entre Israel e Hezbollah e estabelecer um cessar-fogo permanente e a criação de uma “zona tampão” no Líbano – sede do grupo extremista.
Apesar de ter sido implementada há quase duas décadas, o governo libanês afirma que Israel já violou a resolução mais de 7 mil vezes. O mesmo é dito pela ONU, que conta com mais de 10 mil soldados de paz ao longo da fronteira sul do Líbano e fronteira norte de Israel, a chamada “Linha Azul”, para monitorar o cumprimento da resolução.
Na proposta de cessar-fogo, os países determinaram que o exército libanês e os soldados de paz da ONU serão as únicas forças armadas na Linha Azul. Também foi estipulado que o Líbano desarme, em até 60 dias, qualquer grupo militar não oficial no sul do país, como o Hezbollah, e que, em caso de ameaça, Israel terá o direito de responder.
Se aceito, a implementação do acordo será supervisionada pelos Estados Unidos e outros países ainda a serem definidos. Caso Israel ou o Líbano não cumpram as determinações, ambos estarão sujeitos a sanções econômicas.
Entenda o conflito
O Líbano voltou a ser palco dos confrontos entre Israel e o Hezbollah este ano, quase duas décadas após a última guerra. A tensão começou a aumentar em outubro de 2023, quando Israel iniciou a ofensiva na Faixa de Gaza. Para demonstrar apoio ao Hamas, o grupo começou a disparar projéteis contra Israel, que decidiu responder.
As hostilidades se intensificaram após a explosão de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah – em ação coordenada por Israel. Isso fez o grupo lançar novos ataques contra Israel, que está respondendo com uma onda de bombardeios. Ao todo, já foram registradas mais de mil mortos, incluindo líderes do Hezbollah.
Em outubro, Israel iniciou uma ofensiva terrestre no sul do Líbano. Pouco tempo depois, o Hezbollah começou a lançar mísseis contra Israel – a maioria interceptados – e avançar na fronteira com a ajuda de artilharia. O Irã, que apoia o grupo extremista, também entrou no conflito, lançando cerca de 180 mísseis em direção a Tel Aviv.
Os confrontos entre Israel e Hezbollah passaram do sul do Líbano para várias partes do país. Isso resultou no deslocamento de mais de 800 mil pessoas até o momento, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Destes, 425 mil cruzaram a fronteira do Líbano para a Síria até 21 de outubro.
O temor é que a escalada dos conflitos provoque uma guerra regional no Oriente Médio. Isso porque os combates entre Israel e Hezbollah no Líbano acontecem em meio à guerra na Faixa de Gaza, onde Israel tenta “destruir” o Hamas. Os recentes ataques israelenses contra o Irã, que prometeu retaliação, também aumentam a preocupação.