Atento ao impacto que os projetos de infraestrutura têm na vida das pessoas, no meio ambiente e nas comunidades originárias, o ministro dos Transportes, Renan Filho, participou nesta terça-feira (19), de um seminário, em Brasília, com foco em políticas voltadas para o processo de descarbonização do país.
O ministro foi um dos convidados do painel “O Protagonismo do Brasil na Transição Energética”, que debateu os desafios de manter o país como um polo mundial de produção e desenvolvimento de tecnologia automotiva no mundo. “O Brasil é modelo para o mundo em geração de energia limpa, com uma frota em que aproximadamente 85% dos veículos são híbridos. Certamente é o país que menos emite carbono na média por veículo utilizado por cidadão porque a gente já incorpora na gasolina um percentual de etanol que está em crescimento”, avaliou o ministro Renan Filho, durante o seminário.
O desenvolvimento alinhado à sustentabilidade é uma das principais diretrizes dos programas desenvolvidos pelo Ministério dos Transportes, que mantém a expectativa de levar a leilão neste ano 13 projetos rodoviários, o que representa a injeção de mais de R$ 122 bilhões em recursos privados nas rodovias federais enquanto durarem os contratos.
Um dos exemplos da preocupação da pasta com o tema é o fomento à tecnologia free flow nos novos contratos de concessão. O sistema substitui as tradicionais praças de pedágio nas rodovias, diminuindo a aceleração e desaceleração de veículos, e contribuindo, dessa forma, com a descarbonização.
Outra prioridade do governo é a descarbonização em veículos pesados. “Acabamos de aprovar uma resolução do Contran permitindo o afastamento de eixos para caminhões de grande porte a fim de permitir o uso de tanques maiores para garantir mais autonomia com o uso do gás natural liquefeito. Isso vai permitir a ampliação da produção de caminhões a gás natural no Brasil e colaborar para a redução de emissões”, informou Renan Filho.
O envolvimento e a troca de experiências entre as diversas áreas de atuação do Governo Federal, fundamental para que esse objetivo seja atingido, ficaram evidenciados no evento desta terça-feira. Estavam presentes no encontro, organizado pelo Grupo Esfera Brasil, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, parlamentares, acadêmicos e representantes da iniciativa privada também participaram do debate.
Infraestrutura sustentável
A agenda voltada à descarbonização no setor de transportes vem sendo discutida como prioridade pelo Ministério dos Transportes desde o início da gestão. Em dezembro de 2023 o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, esteve na COP28 (Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde teve a oportunidade de destacar o potencial das ferrovias na busca de uma cadeia logística mais sustentável. “A principal oportunidade para descarbonizar o setor de transportes brasileiro é apostar em um maior equilíbrio na matriz de transportes, priorizando modais que emitam menos gases de efeito estufa, como ferroviário e hidroviário. Neste esforço, a conclusão das principais obras de infraestruturas do país ligadas à adoção de novas tecnologias poderá gerar até 13,7% menos emissões de poluentes provenientes do transporte de mercadorias” explicou o secretário à época.
Brasil-Alemanha
Ainda em 2023, os governos do Brasil e da Alemanha firmaram um acordo pela transição energética sustentável com foco no segmento de transportes. O “Memorando de Entendimento sobre o Estabelecimento de Diálogo Estratégico de Alto Nível sobre Ambição e Ação Climática” contou com a colaboração do corpo técnico do Ministério dos Transportes.
A cooperação bilateral Brasil-Alemanha envolve mais de 50 iniciativas, entre projetos regulares e atividades desenvolvidas no Brasil, resultantes de programas regionais e globais da cooperação alemã, em quatro áreas principais: florestas; energias renováveis e eficiência energética; desenvolvimento urbano sustentável e educação vocacional.