O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse ao Estadão na última quarta-feira (16) que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), se confundiu ao comparar a crise hídrica que o País enfrenta neste ano com a de 2001, quando a população e as empresas foram obrigadas a diminuir a carga em 20% para evitar um apagão. Albuquerque voltou a falar que a situação atual é completamente diferente.
Ontem, Lira se reuniu com Albuquerque para discutir ações que estão sendo tomadas para enfrentamento da crise hídrica, a pior já registrada em 91 anos. Após a reunião, o deputado não foi claro sobre as perspectivas de abastecimento e afirmou que “vai ser mais ou menos parecido com o que aconteceu em 2001”, ano em que o País impôs restrições ao consumo de energia.
“Ele fez comparações porque eu disse que tudo está sendo analisado, estudado, o que ocorreu em 2001, o que ocorreu em 2014 [quando houve uma seca severa, mas não teve racionamento],para termos um planejamento. Temos mais de 25 ações, algumas já implementadas, outras em implementação e outras que serão implementadas se necessário. Talvez no uso das palavras ele não tenha se expressado no que conversamos durante a manhã”, disse Albuquerque em entrevista à CNN.
De acordo com o ministro, em 2001 o País não contava com um sistema interligado de energia elétrica como tem hoje. “As linhas de transmissão duplicaram de 2001 a 2021. E nossa matriz elétrica em 2001, que era muito mais dependente de hidrelétricas, cerca de 85%, é diferente da de hoje, que depende cerca de 65% da geração hidráulica”, afirmou.
O ministro afirmou que o governo estudou diversas alternativas, incluindo a edição de uma Medida Provisória que institui a Câmara de Regras Operacionais Excepcionais para Usinas Hidrelétricas (CARE), que poderá prever, entre outras medidas, estabelecer um “programa de racionalização compulsória de energia elétrica”. O texto foi revelado pelo Estadão/Broadcast no último sábado, 12.
Esse comitê poderá também determinar mudanças imediatas na vazão das hidrelétricas sem aval de agentes, Estados, municípios e de outros órgãos, como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Agência Nacional de Águas (ANA).
“Numa situação como estamos vivendo, de crise hídrica, as decisões têm que ser tomadas tempestivamente, com uma boa governança e de forma organizada e coordenada. É isso que se estuda em uma eventual Medida Provisória”, disse.