O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, alertou órgãos de telecomunicações do país para que redobrem a atenção e se previnam contra eventuais ataques cibernéticos após os atos golpistas realizados em Brasília. Em um ofício ao qual Dimitrius Dantas, do jornal O Globo, teve acesso, ele cita como focos de maior preocupação os pontos de ancoragem cabos óticos, por onde passagem gigantescas quantidades de dados, e data centers, locais que abrigam grandes sistemas de computadores.
O comunicado foi endereçado à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a quem cabe regulamentar o setor no país, além de duas entidades privadas: o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel, Celular e Pessoal, assim como o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), uma das responsáveis por resguardar a infraestrutura de internet no Brasil.
“Além do vandalismo físico de infraestruturas, é necessário prevenir e mitigar riscos à segurança cibernética, à defesa cibernética, à segurança da informação sigilosa e à proteção contra vazamento de dados, para que o setor público, o setor produtivo e a sociedade possam usufruir de um espaço cibernético resiliente, confiável, inclusivo e seguro”, afirmou.
No documento, o ministro faz referência aos “tristes e preocupantes acontecimentos” do dia 8, data em que os golpistas depredaram o Congresso, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, após as invasões aos prédios dos Três Poderes da República, a infraestrutura de telecomunicações torna-se um “alvo natural para aqueles que buscam semear a desordem”.
No ofício, Juscelino Filho citou algumas estruturas que devem merecer especial atenção, como os cabos ópticos submarinos em Fortaleza, Santos e Rio, assim como outros canais de tráfego de dados e data centers. O acesso a sites em todo os continentes só é possível graças à existência de grandes cabos submarinos mundo afora.
Ataques a torres
Depois das investidas violentas em Brasília, outro episódio acendeu o alertas das autoridades brasileiras. Na última semana, o governo tem relatado possíveis atos de vandalismo contra torres de transmissão de energia. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, foram quatro estruturas derrubadas e outras 12 danificadas. Embora a investigação ainda não esteja concluída, os órgãos do setor suspeitam de vandalismo.
Em todos os casos, o sistema de abastecimento de energia não foi afetado. Os ataques começaram no mesmo dia em que os vândalos bolsonaristas atacaram os prédios do Executivo, Legislativo e Judiciário na capital do país.
Nesta terça-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o governo e os órgãos do setor elétrico vão aperfeiçoar o sistema de vigilância das linhas de transmissão. Entre as medidas, pretende-se instalar câmeras de segurança e utilização de drones.
Procurado, o Ministério das Comunicações informou que não dispõe de informações sobre eventuais ataques cibernético. Dada a gravidade dos acontecimentos, diz a pasta, o ministro solicitou às áreas técnicas que acionassem os agentes do setor com o intuito de intensificar as medidas de segurança e prevenção.
Segundo o Ministério, o setor investe naturalmente em ações preventivas, mas diante dos atos de vandalismo, a pasta optou por alertar o segmento com o objetivo de “resguardar os diversos serviços estruturantes ofertados por meio das Comunicações”.