O reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, Franco Bartolacci, afirmou na noite desta última sexta-feira (26) que o novo ministro da Educação do Brasil, Carlos Alberto Decotelli, não obteve o título de doutor na instituição, como consta em seu currículo.
Em postagem no Twitter, Bartolacci diz ser preciso “esclarecer” a postagem feita quinta-feira pelo presidente Jair Bolsonaro em que anunciou o substituto de Abraham Weintraub no MEC. Na publicação, Bolsonaro menciona que Decotelli é “doutor em Administração pela Universidade de Rosario”.
“Informo a nomeação do Professor Carlos Alberto Decotelli da Silva para o cargo de @MEC_Comunicacao . Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”, postou o presidente.
Na lista de títulos de Decotelli também consta um pós-doutorado pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha, o que só seria possível com o doutorado anterior. Procurado pelo Estadão, Decotelli reafirmou ter o título e enviou à reportagem uma cópia de um diploma com o símbolo da universidade argentina. O documento é datado de 7 de fevereiro de 2019. “É verdade. Pergunte lá para o reitor”, limitou-se a dizer Decotelli.
Questionado se ele apresentou a tese, necessária para a conclusão do curso, o ministro não respondeu.
O MEC informou que “o ministro Carlos Alberto Decotelli da Silva concluiu, em fevereiro de 2009, todos os créditos do doutorado em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas e Estatística da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina.”
Não é a primeira vez que uma autoridade tem o currículo contestado. Em 2009, a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff precisou corrigir informações de que havia feito doutorado na Universidade de Campinas (Unicamp). Ela havia feito apenas algumas disciplinas, sem ter chegado ao fim do curso.
No ano passado, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, também precisou se explicar porque incluiu um doutorado em Ciência Política na Universidade Federal Fluminense (UFF), com um período de intercâmbio em Harvard, nos Estados Unidos. Witzel, no entanto, nunca cursou a universidade americana. Após os questionamentos, Witzel afirmou que incluiu a menção a Harvard no currículo porque tinha a intenção de estudar lá.