Pai de concorrente disse que filha tinha ‘certeza’ de que a prova não teve correção adequada. Abraham Weintraub afirmou que encaminharia caso ‘diretamente’ para o presidente do Inep
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, atendeu ao pedido de um usuário do Twitter e determinou neste sábado (25) a verificação da nota de uma participante do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A informação foi divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo” neste último domingo (26).
Na noite de sábado, o usuário da rede social enviou mensagem a Weintraub na qual dizia: “Ministro, minha filha tem certeza que a prova do Enem dela não teve a correção adequada e que ela foi prejudicada. E agora? A Inês é morta?”.
Na sequência, o usuário lembrou que o prazo para inscrições no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) se encerrava neste domingo; e informou o número da inscrição da filha no Enem.
Em resposta, o ministro da Educação disse que passaria o caso “diretamente” para Alexandre Lopes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Enem.
Cerca de uma hora depois, Weintraub declarou no Twitter que o caso já estava sendo analisado e publicou uma imagem com uma conversa de WhatsApp. Segundo a reprodução da conversa, Weintraub pergunta ao interlocutor: “caro Alê, tem como verificar?”. O ministro obtém a seguinte resposta: “vou checar”.
Mais tarde, Weintraub respondeu ao usuário do Twitter: “Veja a resposta abaixo”. A postagem é acompanhada de um novo print de conversa do WhatsApp. Nas mensagens, o interlocutor diz: “Ministro, a participante teve a prova corrigida corretamente. Tudo confere. Fez a prova em Ribeirão Preto (SP). Conferido com a aplicadora. Não houve erro de associação no caso”.
O usuário, então, agradeceu ao ministro pela iniciativa. “Mesmo assim, muito obrigado Ministro. Justiça feita e consciência tranquila”, escreveu.
Em outra postagem, publicada após a troca de mensagens com Weintraub, o usuário disse que a filha registrou reclamação no site do Ministério da Educação. “Porém, aproveitei o tweet do ministro e solicitei a checagem, para minha surpresa ele respondeu prontamente. Que seja feita justiça, porém o tempo urge, o Sisu termina amanhã”, afirmou.
Em seu perfil no Twitter, o usuário se define como uma pessoa que torce pelo “Brasil verde e amarelo” e publica críticas ao Partido dos Trabalhadores.
Na reportagem, a “Folha de S.Paulo” diz que há pelo menos 24 ações individuais na Justiça e uma ação civil pública do Ministério Público Federal de Minas Gerais que pedem nova correção do Enem, após a ocorrência de falhas.
Ao jornal, o Inep declarou que o órgão está revisando as provas de todas as pessoas que estão reclamando de maneira informal, por meio das redes sociais, mas que não dará respostas individuais, como fez Weintraub no caso citado nesta reportagem.
Falha no Enem
Na última segunda-feira (20), o presidente do Inep, Alexandre Lopes, disse que um erro na gráfica Valid Soluções S.A. provocou falha na correção de gabaritos.
Lopes afirmou que a gráfica imprime o caderno de questões do candidato, que é identificado com um código de barras do aluno. Depois, imprime o cartão de respostas (gabarito), que também tem um código. Outra máquina une estes dois documentos. O erro ocorreu nesta união e na geração do código de barras.
“O que acontece? A gráfica imprimiu a prova e um cartão resposta. Tem um código de barras do aluno. Uma outra máquina pega essa prova e faz a associação com o gabarito e grampeia. Neste momento, temos o código de barras da prova e o código de barras do cartão resposta. Há um casamento: a associação entre a prova e o participante. Neste processamento da gráfica foi onde ocorreram estas inconsistências”, disse Lopes.
Segundo o Inep, após a revisão, foram identificados problemas em cerca de seis mil provas. Ao todo, 3,9 milhões de pessoas fizeram o Enem 2019.
Suspensão do Sisu
Na última sexta-feira (24), a Justiça Federal em São Paulo suspendeu o processo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) assim que as inscrições forem encerradas – às 23h59 deste domingo (26).
A Justiça ordenou que o governo comprove que o erro na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 foi totalmente solucionado.
A liminar (decisão provisória), se não for derrubada, impede que os resultados sejam divulgados na terça-feira (28), data estimada.
A Advocacia Geral da União (AGU) recorreu na tarde deste sábado (25) ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) da decisão da Justiça de São Paulo.
O recurso do governo será analisado por um desembargador do TRF-3. Não há prazo definido para decisão, mas a AGU pediu urgência.