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O ministro da Secom, Paulo Pimenta, durante entrevista à GloboNews — Foto: Reprodução/GloboNews
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segunda-feira 4 de março de 2024 às 14:49h

Ministro aposta em entrevistas, rádio e mídia digital para Lula

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O ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, está promovendo ajustes na comunicação do governo e do presidente Lula da Silva (PT) neste ano. Com o fim da “live” semanal “Conversa com o Presidente”, Pimenta afirmou em entrevista a Fabio Murakawa e Andrea Jubé , do jornal Valor, que Lula deverá aumentar a presença em rádios regionais e tenta convencê-lo a dar entrevistas ao menos uma vez por semana.

Ele também aposta em contratar uma agência de comunicação digital para impulsionar conteúdo e divulgar ações do governo nas redes sociais.

Uma ideia em estudo é promover uma entrevista com jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto em formato similar ao do “Roda Viva”, da TV Cultura. Sobre a comunicação digital, o ministro diz compreender as reclamações da militância, que cobra uma atuação mais incisiva do governo nas redes sociais. Mas disse que há limites e normas para a comunicação institucional nas redes.

“As pessoas, muitas vezes, confundem o papel da comunicação institucional, o papel da sociedade, do cidadão, do influenciador, do parlamentar, como se fosse uma coisa só”, diz o ministro.

Em entrevista ao Valor, ele conta que a comunicação do Planalto entrará neste ano em uma “quarta etapa” – depois de “O Brasil voltou”, “Brasil no rumo certo” e “Somos um só povo” usados nos últimos meses. Mas não revela qual será o novo mote, que ainda depende do aval de Lula, e será baseado nas últimas pesquisas quantitativas e qualitativas feitas sob encomenda da Secom.

A iniciativa ocorre em meio a críticas à comunicação do Executivo feitas por aliados, que demonstram preocupação com os índices apurados pelas pesquisas de popularidade.

Segundo sondagem feita pelo Datafolha em dezembro de 2023, 38% dos entrevistados avaliavam o governo federal como ótimo ou bom, 30% consideravam regular e 30% avaliam como ruim ou péssimo. Em comparação aos mandatos anteriores de Lula, em período semelhante, as atuais taxas de avaliação são piores. Em dezembro de 2003, 42% aprovavam o governo do petista e 15% o reprovavam, e em novembro de 2007, no segundo mandato, 50% o aprovavam e 14% o reprovavam.

O “Conversa com o Presidente”, um misto de “live” e entrevista, ia ao ar todas as terças-feiras. Mas o último programa foi transmitido no dia 19 de dezembro.

O ministro nega que tenha terminado por conta da baixa audiência no YouTube. As últimas duas edições tiveram entre 40 mil e 50 mil visualizações no canal, apenas uma fração do resultado obtido pelas “lives” do antecessor Jair Bolsonaro, que por vezes chegavam perto de 1 milhão de pessoas assistindo em diferentes mídias.

Pimenta alega que o principal canal digital de Lula é o Instagram, onde ele tem 13,1 milhões de seguidores. Nessa rede, um vídeo curto do presidente durante sua visita ao Egito, no mês passado, teve 2,3 milhões de visualizações.

Numa época como essa ter uma ferramenta de comunicação digital é uma necessidade”

“As ‘lives’, pra nós, têm dois motivos. Primeiro, pautar a imprensa, e a gente consegue fazer. Segundo, produzir cortes [para as redes sociais e aplicativos de mensagens]”, diz. “Então, o grande alcance da ‘live’ não é o conteúdo todo, mas os cortes que ela possibilita.”

Segundo Pimenta, Lula vinha se queixando do formato “engessado” de suas ‘lives’ semanais. “O presidente não gosta de uma coisa rígida, ele gosta de ter uma liberdade. Ele prefere uma coisa mais solta”, afirma o ministro. “E ele gosta mais que as perguntas sejam feitas por jornalistas, por publicadores de fora.”

O ministro pretende aumentar a exposição de Lula, sem deixar que ele suma da mídia. No dia 8 de fevereiro, por exemplo, ele foi entrevistado por uma rádio mineira: a transmissão coincidiu com sua primeira visita no atual mandato a Minas Gerais, onde se encontrou com empresários e apresentou um balanço de ações do governo no Estado.

“A ideia é sempre ter uma entrevista por semana”, diz Pimenta, a despeito da pouca interação do presidente com os jornalistas que cobrem o Planalto neste terceiro mandato.

Em um cenário de domínio da oposição nas redes, o ministro comanda o processo de contratação de uma agência digital para o Planalto. O edital com as normas para a concorrência, de R$ 197,7 milhões, foi lançado em 15 de janeiro. As propostas dos concorrentes serão entregues nesta quarta-feira (6).

“Isso é uma coisa que a gente sentiu muito no primeiro ano, que é o governo ter um contrato digital. Prefeituras, governos estaduais, todos têm”, afirma. “Numa época como essa, com plataformas, mudanças tecnológicas, a necessidade da comunicação segmentada, ter uma ferramenta de comunicação digital é uma necessidade muito grande.”

A ideia de Pimenta é fazer um trabalho de direcionamento e segmentar informações que o governo quer passar para a população.

“Hoje eu quero fazer uma ação específica pra uma determinada cidade podendo utilizar o Cadastro Único. Eu não tenho essa ferramenta. Então, quando tiver, posso fazer um direcionamento voltado a uma determinada cidade com conteúdo específico sobre prevenção da dengue, ou o Farmácia Popular, o Bolsa Família”, diz.

Pimenta já foi criticado algumas vezes por ações da Secom que se aproveitavam das complicações judiciais de Bolsonaro para impulsionar conteúdo do governo. Caso emblemático ocorreu quando estourou o escândalo das joias não declaradas pelo ex-presidente à Receita, em março de 2023. Uma postagem no X (ex-Twitter) usou o fato para lembrar os contribuintes a fazer sua declaração de Imposto de Renda. O texto começava com um “e aí, tudo joia?”.

No episódio mais recente, em um apelo para que as pessoas atendessem os agentes de prevenção à dengue, uma postagem recorreu ao “toc toc toc”, símbolo das batidas da Polícia Federal na casa de investigados. A peça foi publicada no dia em que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, foi alvo de uma operação de busca e apreensão.

Pimenta defendeu-se à época da repercussão negativa dizendo que se tratava de um “marketing de oportunidade”. Ele diz que vai continuar usando essa estratégia, mas reconhece a necessidade de uma avaliação caso a caso.

“A gente não quer abrir mão dessa questão que envolve aproveitar as oportunidades para dar visibilidade para determinados temas. Mas é evidente que temos que avaliar cada momento”, diz o ministro.

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