Na esteira de um imbróglio na indústria de motos sobre novos limites de emissão de poluentes, o Ministério do Meio Ambiente arrumou mais um desentendimento com sua equipe. Segundo a coluna Painel S.A., da Folha. o órgão proibiu a presença de servidores em um fórum de gestão ambiental realizado em Campinas (SP) na semana passada. Em carta à Anamma (associação de órgãos municipais do setor), que organizou o evento, os funcionários públicos lamentaram não terem sido autorizados a participar.
Os organizadores do evento se opuseram ao ministro Ricardo Salles na discussão sobre poluição causada pelas motos. Uma resolução publicada na última quarta (26) endureceu a tolerância para a emissão de poluentes em modelos populares, mas os órgãos de controle se queixam de um afrouxamento para agradar à indústria.
A carta é assinada pela Associação de Servidores do Ministério do Meio Ambiente. “Como fomos informados [da proibição de participar no fórum] de maneira informal, constrangedora e sem nenhuma justificativa (conforme, infelizmente, tem sido a prática nesses últimos meses), não sabemos qual foi o critério para que nossos dirigentes tomassem essa decisão”, consta em um trecho.
A discussão sobre os catalisadores das motos, que reduzem a poluição, foi um dos pivôs da discórdia. Montadoras pediam que, até 2025, a peça tivesse durabilidade de no mínimo 20 mil quilômetros rodados, enquanto entidades pleiteavam ao menos 35 mil —por um voto, com apoio de Salles, prevaleceu a primeira.
Ainda conforme a coluna, as fabricantes argumentam que a exigência de 35 mil quilômetros foge dos padrões internacionais, o que inviabilizaria a produção de motos populares no Brasil, já que o mercado doméstico amarga vendas fracas.
A Abraciclo (que representa as montadoras) diz que prefere não se manifestar fora do contexto técnico. O ministério também não comentou.