O Ministério da Saúde divulgou neste último sábado (23) uma nota em que confirma o recebimento, em setembro do ano passado, de uma carta do diretor-executivo global da farmacêutica Pfizer, Albert Bourla, oferecendo a venda de doses da vacina contra a Covid-19 fabricadas pela empresa. O diretor enviou o documento ao presidente Jair Bolsonaro e a alguns ministros.
Na carta, publicada pela CNN Brasil, a Pfizer diz que quer fazer “todos os esforços” para garantir reserva de lotes da vacina ao Brasil mas que, para isso, seria necessário “celeridade” por conta do número limitado de doses.
Na nota divulgada neste sábado, o Ministério da Saúde afirma que os lotes iniciais da farmacêutica, caso fossem cedidos ao Brasil, representariam uma “conquista de marketing” da Pfizer e uma “frustração” aos brasileiros devido ao pequeno número de doses.
Para a governo, a empresa estabeleceu cláusulas “abusivas” de contrato e “barreiras” de negociação e compra. Segundo o ministério, a Pfizer pediu que o Brasil renuncie à soberania de ativos no exterior como garantia de pagamento pelas doses da vacina.
Entre outras dificuldades apontadas pelo governo brasileiro, estão pedidos de isenção da Pfizer em caso de efeitos colaterais da vacina e de não punição em caso de atraso na entrega das doses.
O ministério disse que a Pfizer tenta desconstruir o trabalho de imunização que já acontece no Brasil com as vacinas do Butantan/Sinovac e da AstraZeneca/Oxford. E que, em nenhum momento, fechou as portas para a farmacêutica. A Pfizer disse que não vai comentar a nota do ministério.