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quarta-feira 30 de outubro de 2019 às 07:43h

Ministério da Agricultura proíbe pesca no Nordeste

POLÍTICA


Enquanto os proprietários de restaurantes maiores ainda não observam o impacto negativo por conta do óleo que atinge as praias nas vendas dos frutos do mar, pescadores e pequenos comerciantes sentem na pele a dificuldade na venda dos produtos. Nesta última terça-feira (29) o Ministério da Agricultura proibiu a pesca da lagosta e do camarão em áreas afetadas no Nordeste. A instrução normativa possibilitou o pagamento de parcelas extras do seguro defeso aos pescadores atingidos.

Após 61 dias da aparição da primeira mancha de óleo na costa do Nordeste, o consumidor tem tido muitas dúvidas sobre a possibilidade ou não de se consumir mariscos e pescados. Uma pesquisa publicada pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), analisou 38 amostras de animais e todos estes estavam contaminados pelo óleo, desde então as vendas tem diminuído cada vez mais.

Daniel Alves, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), contou que os donos de estabelecimentos do setor ainda não estão sentindo impacto nas vendas. De acordo com Alves, a maior parte compra frutos do mar fora de Salvador, e que os produzidos aqui ou em outras partes do estado são advindos da piscicultura de cativeiro, como é o caso do camarão.

“Todo salmão da gente vem do Chile, não há produção de salmão em Salvador, a tilápia é de piscicultura, mexilhões e ostras na maior parte vem de Santa Catarina, grande parte do caranguejo vem do Pará. O impacto maior está nos peixes das feiras livres, porque a grande maioria dos estabelecimentos compra peixes congelados que passam por todos tipo de verificação”, esclareceu o presidente.

Jackson Ferreira, que trabalha há dez anos no Mercado do Peixe, no Comércio (Cidade Baixa), diz que as vendas têm diminuído praticamente 50% desde a semana passada. O peixeiro associa a queda à falta de informação do consumidor sobre a origem dos pescados: “Nosso peixe não é daqui, vem de Belém do Pará, de Santa Catarina. Os nossos mariscos, da Enseada do Paraguaçu, Salinas da Margarida, áreas não atingidas pelo óleo. É muito fácil saber o que fazer na hora de comprar, só perguntar de onde vêm peixes como dourado, pescada amarela, badejo, não são daqui”.

Eduardo Rodrigues, secretário estadual da Agricultura em exercício, informou que ainda não há uma relação de quais peixes e mariscos podem ou não ser consumidos. Rodrigues ressaltou que se deve evitar consumir animais advindos das áreas afetadas pelo óleo “Aqui dentro [Em salvador] você tem pescados de águas doces, pescados importados e os produzidos no estado, não necessariamente esse pescado consumido é de uma área atingida. O maior problema disso tudo é que se criou um clima de tensão e terror muito grande em cima dessa situação, até os produtos de fora estão sendo evitados”, disse o secretário.

Ele ainda destacou que a Bahia Pesca está analisando animais recolhidos nas áreas afetadas, e que o laudo conclusivo para saber se a carne está ou não contaminada só deve ficar pronto a partir do próximo dia 15.

Na terça, uma instrução normativa (IN) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) proibiu a pesca de lagostas e camarões em áreas do Nordeste afetadas pelo óleo. A IN permite o pagamento de até duas parcelas extras do seguro defeso aos pescadores atingidos.

De acordo com o ministério o prolongamento do período de defeso foi adotado como “precaução, devido à situação ambiental decorrente da provável contaminação química por derramamento de óleo no litoral”, de acordo com levantamento da Bahia Pesca, publicado na última sexta-feira, cerca de 43 mil pescadores foram afetados pelo desastre ambiental.

O jornal A Tarde informa que procurou o governo do estado para falar sobre a fiscalização do consumo de peixes, a reportagem foi informada que “a questão está sendo tratada pela Bahia Pesca e Secretaria Municipal [de saúde/vigilância sanitária]”. Em contato com a Secretaria Municipal da Saúde, para saber se havia algum indicação por parte da Vigilância Sanitária municipal sobre o consumo destes produtos, o órgão informou, por meio da assessoria de imprensa, não ter orientações acerca do consumo de peixes.

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