Pelo menos 4.815 crianças foram abusadas sexualmente por integrantes da Igreja Católica portuguesa – a maioria por padres – nos últimos 70 anos, segundo um relatório publicado nesta segunda-feira pela comissão que investiga o assunto, com o texto acrescentando que as descobertas são a ponta do iceberg.
“(Queremos) prestar uma homenagem sincera àqueles que foram vítimas de abuso durante a infância e ousaram dar voz ao silêncio”, disse o psiquiatra infantil Pedro Strecht, que presidiu a comissão. “Eles são muito mais do que uma estatística.”
Strecht afirmou que os 4.815 casos foram o número “mínimo absoluto” de vítimas de abuso sexual por membros do clero em Portugal desde 1950.
A maioria dos perpetradores (77%) eram padres e a maioria das vítimas eram homens, disse Strecht, acrescentando que foram abusados em escolas católicas, igrejas, casas de padres, confessionários, entre outros locais.
A maioria dos abusos sexuais ocorreu quando as crianças tinham entre 10 e 14 anos, sendo que a vítima mais jovem tinha apenas dois anos de idade.
José Ornelas, chefe da Conferência Episcopal, assistiu à apresentação do relatório final e responderá ainda na segunda-feira. A Igreja já havia dito que estava preparada para “tomar as medidas apropriadas”.
A Igreja Católica portuguesa foi abalada no ano passado por casos de suposto acobertamento de abuso sexual, inclusive por bispos que permanecem ativos em cargos na igreja. A comissão disse que está preparando uma lista de padres acusados que ainda trabalham.