Uma das várias promessas de campanha do candidato de extrema direita à presidência da Argentina, Javier Milei, da coalizão política La Libertad Avanza (LLA), é a de retirar o país vizinho do bloco econômico do Mercosul. Segundo reportagem de Alexandre Carneiro, do portal Vrum, para as multinacionais que têm fábricas de carros na Argentina, tal plano fez acender uma luz de alerta: afinal, o Brasil é o maior importador dos veículos produzidos por lá, e vice-versa.
(O Mercosul) É uma união aduaneira que favorece os empresários que não querem competir.
Javier Milei (LLA), candidato à presidência da Argentina
Ainda é cedo para saber se tais declarações têm cunho apenas eleitoreiro ou se realmente são colocadas em prática caso Milei vença as eleições, marcadas para este domingo (22). Porém, dirigentes e analistas ligados ao setor já alertam para o risco de fechamento de fábricas de carros na Argentina. Do lado de cá da fronteira, essa medida significaria um aumento significativo nos preços de vários veículos.
Nesse ponto, vale lembrar que os automóveis beneficiados pelo Mercosul não pagam Imposto de Importação (I.I.), cuja alíquota para modelos equipados com motor a combustão é de nada menos que 35%. Isso, sem entrar no mérito que a saída da Argentina do bloco comercial representaria ainda um baque nas exportações brasileiras.
Carros importados da Argentina: quais são e onde ficam as fábricas?
Para ilustrar o tamanho dessa questão, o VRUM fez um listão com todas as empresas que têm fábricas na Argentina e os respectivos carros que elas trazem ao Brasil. Todos esses veículos, portanto, estariam sujeitos a grandes reajustes de preços. Confira:
Chevrolet
A Chevrolet opera uma fábrica de carros em Rosário, na Argentina. De lá, já vieram vários modelos, como o primeiro Tracker, o Agile, e a segunda geração da Montana. Os carros que a marca atualmente traz do país vizinho são:
- Cruze (hatch e sedan)
- Tracker*
*A Chevrolet produz o Tracker também no Brasil, mas veículos fabricados na Argentina chegam ao país para complementar a demanda do mercado interno.
Fiat
Uma das multinacionais que há mais tempo produz veículos na Argentina é a Fiat, mais precisamente na cidade de Córdoba. A marca italiana já importou vários automóveis do país vizinho, porém, hoje, o único que vem de lá é o:
- Cronos
Ford deixou de produzir carros no Brasil, mas mantém fábrica na Argentina
Em janeiro de 2021, a Ford deixou de produzir carros no Brasil, mas manteve a produção industrial em General Pacheco, na área metropolitana de Buenos Aires, na Argentina. De lá, vem o produto com maior participação no mercado nacional, que é a:
- Ranger
Nissan
A Nissan compartilha com a parceira global Renault a produção de carros na fábrica de Santa Isabel, na região metropolitana de Córdoba, na Argentina. Atualmente, a empresa importa de lá a picape:
- Frontier
Peugeot
O caso da Peugeot é parecido com o da Nissan: a marca francesa divide com a Citroën uma unidade industrial em El Palomar, nos arredores de Buenos Aires. Vários dos antigos produtos da empresa, como 306, 307, 308 e 408 vieram do país vizinho, sendo que, na atualidade, o membro da gama que vem de lá é o:
- 208
Toyota
Muita gente não sabe, mas, há décadas, a linha de carros utilitários da Toyota vem da Argentina: a fábrica fica localizada em Zárate, no entorno da capital do país. Os veículos importados da grande Buenos Aires são:
- Hilux
- SW4
Volkswagen
Outra multinacional que há décadas produz na Argentina e já importou diferentes modelos de lá, como a antiga geração do Voyage e a SpaceFox, é a Volkswagen. A fábrica localiza-se em General Pacheco e fornece, atualmente, os modelos:
- Amarok
- Taos
E a Citroën, não importa carros da Argentina?
Durante anos, a Citroën concentrou a produção de carros médios na fábrica de El Palomar, na Argentina. Essa unidade industrial enviou ao Brasil hatches e sedans como Xsara, C4 Pallas e C4 Lounge. Contudo, por enquanto, nenhum modelo que a marca vende no Brasil provém do país vizinho.
E a Renault, não importa carros da Argentina?
Muitos dos automóveis que a Renault comercializou no Brasil, como Symbol, Fluence e gerações de Clio e Mégane, têm nacionalidade argentina. No momento, a fábrica de Santa Isabel não está destinando veículos ao país, mas isso deve mudar já nos próximos meses, quando a atual geração do Kangoo, com motor a combustão, começará a ser importada.