Segundo o O GLOBO, aposta da campanha de Jair Bolsonaro para diminuir a rejeição do presidente e reforçar o vínculo com os evangélicos, a primeira-dama Michelle Bolsonaro comparou a disputa eleitoral a uma “guerra espiritual” e disse que a luta é contra “hostes espirituais malignas”. Ao participar de um evento de campanha da ex-ministra Damares Alves (Republicanos), candidato ao Senado no Distrito Federal, Michelle ainda afirmou que haverá “uma faxina no Congresso”. No mesmo evento, Damares, sem mencionar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou ver “igrejas flertando com o cão”, referência bíblica para o diabo.
Apesar de Bolsonaro ter declarado apoio a outra ex-ministra na disputa ao Senado no Distrito Federal, a deputada Flávia Arruda (PL), Michelle tem feito campanha por Damares. No evento desta sexta-feira, a primeira-dama discursou por cerca de dez minutos e abriu sua participação fazendo uma oração.
Inicialmente reticente a participar ativamente na campanha eleitoral, a primeira-dama, desde a convenção do PL que oficializou a candidatura de Bolsonaro em julho, mergulhou no projeto da reeleição do presidente com forte discurso religioso. Ao falar para líderes evangélicos, Michelle recorreu a expressões bíblicas para se referir a adversários políticos.
— Não estamos lutando contra homens e mulheres, mas contra principados e potestades. É uma guerra espiritual. Só não vê, só não enxerga, quem não quer. Aquele que é baseado na palavra, tem sua fé fundamentada na Bíblia sabe que nós estamos lutando contra as hostes espirituais malignas — disse Michelle, acrescentando que o Brasil “vai ser celeiro de alimento físico e espiritual para outras nações”.
Em outro momento, Michelle, ao pedir voto para Damares, disse aos religiosos que tenham cuidado “com os lobos que estão vestidos em peles de cordeiros” e afirmou acreditar que haverá uma “faxina no Congresso Nacional”.
— Eu creio e tenho orado, e o Senhor vai responder. O Senhor fará uma faxina no Congresso Nacional. E digo mais: os sábios se inclinam para a direita, e os tolos se inclinam para a esquerda — afirmou.
Damares, por sua vez, pediu aos pastores para falar com fiéis sobre as eleições, afirmando haver “algumas igrejas flertando com o cão” . E observou que evangélicas estão ouvindo que Bolsonaro é misógino. Candidato à reeleição, o presidente tem sua maior resistência entre o eleitorado feminino.
— Pastores, eu ainda tenho visto algumas igrejas flertando com o cão, com o inferno, não há explicação. Pastores, aqui vocês têm uma consciência política bem bacana, mas vocês que são de igrejas que tem denominação no Brasil inteiro compartilhar as coisas (sobre Bolsonaro). Nós temos a oportunidade de mudar as coisas com dedinho. Pastoras que estão aqui, estão dizendo para nossas mulheres cristãs que Bolsonaro é misógino. Foi o presidente que mais fez por mulheres.
A pesquisa Datafolha publicada na quinta-feira apontou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula das Silva (PT) lidera com 47% das intenções de voto, 14 pontos à frente de Bolsonaro que soma 33%. Entre as eleitoras, o petista tem 49% das intenções de vota, enquanto o atual presidente somou 29%. Bolsonaro, por sua vez, lidera com 50% de intenção de votos entre os evangélicos, que corresponde a 27% do eleitorado. Neste grupo, Lula tem 32%.