A Polícia Federal irá intimar Michelle Bolsonaro a prestar depoimento na investigação sobre um esquema de venda de bens dados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagens oficiais. O nome da ex-primeira-dama aparece segundo Paolla Serra, do jornal O Globo, em troca de mensagens reveladas no inquérito, que culminou no cumprimento de mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira, no Rio, em São Paulo e em Brasília.
Na decisão que determinou as medidas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cita uma mensagem enviada pelo coronel Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro, ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do mandatário.
“O que já foi, já foi. Mas se esse aqui tiver ainda a gente certinho pra não dar problema. Porque já sumiu um que foi com a Dona Michelle; então pra não ter problema”, diz transcrição do áudio.
Na representação, a PF afirmou que as conversas “revelam que, apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro podem ter sido desviados e vendidos sem respeitar as restrições legais”.
O inquérito apontou que menos outros cinco itens que teriam sido negociados pelos funcionários de Bolsonaro e rendido pelo menos R$ 1 milhão. Entre eles, estão dois relógios, duas estátuas douradas – uma de barco e outra de palmeira – e um kit de joias que continha caneta, anel, abotoaduras e um rosário árabe.
No documento, a PF destaca que o ex-presidente recebeu os itens “na condição de chefe do Estado do governo brasileiro, em compromissos oficiais com representantes de outros países”.
Foram alvos dos mandados de busca e apreensão o general do Exército Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid; o advogado Frederick Wassef, que defende Bolsonaro e seus familiares; e o tenente do Exército Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente. Segundo a PF, todos são suspeitos dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
“Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior”, informou a corporação.
O inquérito apontou também que os valores obtidos das vendas desses objetos teriam sido convertidos em dinheiro vivo e “ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”.