A família e aliados de Jair Bolsonaro (PL) estão dispostos a desembarcar em peso no Rio para tentar alavancar a campanha de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura, que ainda não decolou segundo Roberta de Souza, do O Globo, mesmo com o apoio do ex-presidente. O plano é insistir nessa vinculação como principal estratégia. O PL aposta que conseguirá resgatar a memória dos cariocas, que deram vitória local a Bolsonaro em 2022. E para isso, nomes importantes do bolsonarismo como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), viajarão ao Rio para atos com o candidato.
A tarefa do PL não é fácil, já que muitos eleitores bolsonaristas apoiam Eduardo Paes (PSD), mostram as pesquisas. Além de incluir a imagem do ex-presidente em materiais de campanha — muitos sem a foto da vice Índia Armelau (PL) —, Nikolas e Michelle, além do próprio Bolsonaro, devem marcar presença na cidade em pelo menos três fins de semana ao lado de Ramagem. Outro visitante deve ser o senador Magno Malta (PL-ES). O deputado também será visto com frequência com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e seu irmão, Carlos Bolsonaro, que busca a reeleição para a Câmara de Vereadores.
Enquanto Nikolas terá a função de dialogar com o público jovem, Michelle tentará ajudar a atrair o voto feminino e resgatar o evangélico, dois segmentos em que Paes tem vantagem. Os articuladores da campanha de Ramagem esperam que o horário eleitoral no rádio e na TV, do qual o candidato terá o maior tempo, cause uma mudança na taxa de conhecimento do candidato entre os cariocas.
Segundo o último levantamento do Datafolha, o ex-diretor da Abin é desconhecido de 53% do eleitorado, o que os aliados veem como um potencial de crescimento. Por isso, os envolvidos na campanha jogam todas as fichas na propaganda da televisão para mudar dar mais visibilidade a Ramagem no Rio.
Além de buscar evidenciar a aliança de Paes com Lula para se beneficiar da polarização nacional, Ramagem também pretende usar a propaganda de TV para estabelecer contrastes com o prefeito com propostas, sem ficar preso à agenda ideológica do bolsonarismo, em que predominam bandeiras como o combate ao aborto e a uma suposta “ideologia de gênero”. Segundo articuladores da campanha, o objetivo na TV será mostrar que o candidato tem capacidade de gerir a cidade.
Bolsonaro deve gravar um material de apoio para acompanhar as inserções de Ramagem na TV, num movimento oposto ao da campanha de reeleição de Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo. O prefeito paulistano tem sido acusado de esconder os bolsonaristas na campanha, entre eles o vice, coronel Mello Araújo, indicado pelo ex-presidente.