Após Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), votar nesta sexta-feira (22) pela descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se manifestou. Ela usou os stories, do Instagram, para atacar a ministra, atrelando o nome dela ao que chama de “legado de morte por sentença judicial”.
Na sequência das postagens, a ex-primeira-dama, que tem 6,4 milhões de seguidores na rede social, republicou diversas postagens críticas à legalização do aborto. Em uma delas, as mãos de Weber aparecem ensanguentadas, em tom alarmista.
O voto da ministra foi proferido em julgamento iniciado à meia-noite desta sexta-feira no plenário virtual da Corte. Weber é a relatora da ADPF (Arguição de descumprimento de preceito fundamental) 442, que foi apresentada pelo PSOL em 2017.
De acordo com a colunista do GLOBO Vera Magalhães, o posicionamento de Weber, às vésperas da aposentadoria no próximo dia 2 de outubro, aconteceu após ela ter feito um acordo com o ministro Luís Roberto Barroso, que a sucederá na Presidência da Corte, para que ela não deixasse o Supremo sem votar nessa matéria, que considera de extrema relevância.
—A questão da criminalização da decisão, portanto, da liberdade e da autonomia da mulher, em sua mais ampla expressão, pela interrupção da gravidez perdura por mais de setenta anos em nosso país. À época, enquanto titular da sujeição da incidência da tutela penal, a face coercitiva e interventiva mais extrema do Estado, nós mulheres não tivemos como expressar nossa voz na arena democrática. Fomos silenciadas — disse a ministra em seu voto, referindo-se ao Código Penal de 1940.
Conforme antecipou O GLOBO, o julgamento foi interrompido após um pedido de destaque do ministro Luís Roberto Barroso, e será reiniciado no plenário físico — mantendo, contudo, o voto já proferido pela relatora. Apenas Rosa Weber votou até o momento.