Convocado para depor na CPI da Covid, o secretário da OEA (Organização dos Estados Americanos) Arthur Weintraub disse que seu “crime” foi ter assessorado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante os primeiros meses da pandemia de coronavírus no Brasil, e negou a existência de um “gabinete paralelo” ligado à presidência da República para auxiliar no combate à crise.
Na semana passada, o ex-assessor do Planalto figurou na lista dos 14 nomes investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Ao programa “Opinião no Ar”, da RedeTV!, Weintraub disse que “o crime que me atribuem é ter assessorado o presidente”.
Segundo Arthur, seu trabalho na presidência era fazer resumos científicos para serem apresentados a Jair Bolsonaro, além de servir como uma ponte entre a presidência com médicos e cientistas “renomados”.
“O presidente chegou pra mim em março, fim de fevereiro, ele estava preocupado e falou: ‘você que é pesquisador, começa a estudar aí'”, declarou. “Eu passava pro presidente [os resumos], comecei a reunir o que estava acontecendo, que era inaceitável não haver nenhuma forma de tratamento, mas esse tratamento precoce entrou no enquadramento político e foi proibido “, completou, ressaltando que está sendo investigado “sem ter tido a possibilidade de falar”.
O chamado “tratamento precoce” à base de cloroquina e ivermectina, entre outros medicamentos no combate à covid-19, não encontram respaldo na literatura médica, e já foram descartados pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Weintraub deixou o cargo de assessor do Palácio do Planalto em setembro quando mudou para os Estados Unidos e assumiu o cargo de secretário na OEA. Porém, o ex-assessor afirma que não saiu do país “fugido” e ressaltou que se considera um “exilado”.
A convocação para o depoimento de Arthur Weintraub na CPI da Covid foi aprovado no dia 26 de maio, mas, até hoje, a comissão não entrou em consenso sobre a melhor forma para ouvir seu depoimento. Ele é irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que também vive nos EUA após ser indicado a um posto no Banco Mundial pelo governo brasileiro.
Os senadores trabalham com duas hipóteses para a realização da oitiva: alguns parlamentares defendem que a CPI mande uma carta rogatória e que Arthur seja interrogado pelas autoridades americanas, enquanto outros defendem que seja enviado um grupo de membros da CPI aos EUA para colher o pessoalmente o depoimento do ex-assessor.