quinta-feira 21 de novembro de 2024
Foto: AP Photo/picture alliance
Home / NOTÍCIAS / Mesmo após 60 anos, assassinato de Kennedy ainda gera especulações
quarta-feira 22 de novembro de 2023 às 18:15h

Mesmo após 60 anos, assassinato de Kennedy ainda gera especulações

NOTÍCIAS


Atentado que tirou a vida do presidente americano foi mesmo obra de um atirador solitário? Há décadas pesquisadores e cineastas se debruçam sobre o que aconteceu em Dallas no dia 22 de novembro de 1963.Quando o primeiro tiro alvejou a carreata em Dallas em 22 de novembro de 1963, o presidente americano, John F. Kennedy, levou a mão ao pescoço. Segundos depois, sua cabeça se inclinou para trás sob o impacto do segundo e mortal projétil. As informações são do portal, DW.

O assassinato chocante de Kennedy em via pública foi registrado pelo cinegrafista amador Abraham Zapruder num filme colorido de 8 milímetros. As imagens explícitas, captadas a partir de uma visão quase perfeita da rota do desfile, aparecem em diversos livros, documentários e filmes sobre o atentado.

Lobo solitário?

O registro de Zapruder levou alguns a acreditarem que o assassino, Lee Harvey Oswald, à época um ex-fuzileiro naval de 24 anos, não agiu sozinho. A Comissão Warren, que investigou o assassinato de Kennedy à época, concluiu, porém, que Oswald agiu sozinho, disparando os dois tiros contra o presidente a partir de um edifício próximo dali, um depósito de materiais escolares da empresa Texas School Book Depository.

Mesmo assim, 60 anos depois daquele dia que abalou o mundo e mudou a história, muitos ainda se perguntam de onde saíram os tiros. Esse é o ponto de partida de uma produção recente de Hollywood, Assassination, dirigida por David Mamet e estrelada por Al Pacino, John Travolta, Courtney Love, Viggo Mortensen e Shia LaBeouf. O filme se baseia na tese de que o atentado foi executado a mando da máfia de Chicago em retaliação à ação do presidente contra o crime organizado.

As teorias sobre o assassinato

Fato é que Kennedy tinha, antes de ascender à Casa Branca, laços estreitos com a máfia. Uma vez eleito, porém, o presidente entrou em rota de colisão com o crime organizado, ameaçando seu poder e seus lucros com a abertura de investigações e processos na esfera federal.

Mas essa é apenas uma entre as dezenas de teorias que surgiram desde o atentado.

Provavelmente a obra mais conhecida sobre os bastidores do assassinato é o drama JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar (1991), dirigido por Oliver Stone. No filme, Kevin Costner faz o papel do promotor de Justiça Jim Garrison, de Nova Orleans, que não se satisfaz com as conclusões da Comissão Warren. Garrison e sua equipe suspeitam que Oswald era um agente da CIA que serviu de bode expiatório.

Enigma Lee Harvey Oswald

Oswald passou algum tempo na antiga União Soviética, o que alimentou especulações sobre a influência de Moscou. Outros suspeitam de uma interferência cubana, já que Kennedy tinha interesse em derrubar o revolucionário comunista Fidel Castro.

A lista de suspeitos em teorias da conspiração inclui ainda o serviço secreto FBI e o sucessor de Kennedy na Presidência, Lyndon Baines Johnson (LBJ). O estrategista político Roger Stone, que assessorou o ex-presidente Donald Trump, acusa Johnson na obra O homem que matou Kennedy: O caso contra LBJ de ter agido em conluio com gângsters e serviços secretos americanos para concretizar o atentado. O livro foi lançado em 2013, nos 50 anos do assassinato de JFK – assim como muitos outros filmes e livros que especulam sobre o caso, que também saíram em datas próximas dos aniversários do atentado.

Após décadas, “última testemunha” quebra o silêncio

Em setembro deste ano, o jornal americano The New York Times examinou mais atentamente o relato de Pauls Landis, um ex-agente do serviço secreto que estava a poucos metros de distância de Kennedy quando ele foi baleado. A versão de Landis coloca em xeque a “teoria de uma única bala” da Comissão Warren, segundo a qual um dos três projéteis disparados no atentado atravessou o pescoço de Kennedy e, depois, atingiu o governador do Texas, John B. Connally, que estava no assento à frente, nas costas, no peito, no pulso e na coxa.

Landis nunca foi ouvido pela Comissão Warren – algo surpreendente dada a proximidade dele do evento. O homem de 88 anos permaneceu calado por 60.

Num livro de memórias recém-lançado sob o título The Final Witness (A última testemunha), Landis diz não querer espalhar nenhuma teoria da conspiração sobre a morte de Kennedy. Mas o ex-agente refuta a afirmação de que uma única bala possa ter provocado tanto dano, o que implica dizer que Oswald não era o único atirador.

Cada vez mais documentos vêm a público

O livro Case Closed (Caso Encerrado), publicado por Gerald Posner em 1993, chega a uma conclusão justamente oposta: a de que Oswald agiu sozinho. Dois dias depois do atentado a Kennedy, o atirador acabaria assassinado por Jack Ruby, dono de uma boate, no porão do comando da polícia de Dallas. A Comissão Warren não encontrou provas do envolvimento de Ruby na morte de JFK nem de que o crime de homicídio contra Oswald seria queima de arquivo.

Em dezembro de 2022, o Arquivo Nacional dos Estados Unidos publicou 13.173 documentos associados ao assassinato de JFK, após movimento semelhante do governo Trump em 2017. Com isso, 97% dos documentos relativos ao atentado estão hoje disponíveis ao público.

Uma história que não acaba

Parece que a tragédia persegue a família Kennedy: um irmão mais novo de JFK, Bobby, foi assassinado ao entrar numa campanha para a Presidência em 1968; outro irmão, Edward, teve suas pretensões políticas arruinadas após deixar a cena de um acidente de carro que causou a morte de uma auxiliar, Mary Jo Kopechne; o filho de JFK, John F. Kennedy Jr., morreu num acidente de avião privado em 16 de julho de 1999, na costa de Massachusetts.

Kennedy Jr. tinha 3 anos quando enterrou o pai. Durante a cerimônia, o pequeno cumprimentou o caixão do pai com um gesto inocente, porém poderoso, que se tornaria uma imagem icônica.

Dos seus feitos heróicos durante a Segunda Guerra Mundial aos seus affairs escandalosos com gente como Marilyn Monroe, passando pela sua atuação em prol dos direitos civis e planos visionários de viagens espaciais, Kennedy sempre causou fascínio nas pessoas – e mais ainda após a sua morte.

Mesmo 60 anos após o assassinato do presidente numa limusine aberta, as especulações sobre as motivações do atentado provavelmente continuarão a perdurar por mais outras décadas. Ou, como dizia o diretor Oliver Stone ao comentar a teoria do lobo solitário: a opinião pública americana “nunca aceitou. Eles sabem quando algo está errado.”

Veja também

Bolsonaro pode ser preso após indiciamento? Entenda os próximos passos do processo

Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal nesta quinta-feira (21) pelos crimes de abolição …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!