O mercado financeiro melhorou a projeção para o resultado primário do governo neste ano, mas piorou a estimativa para o rombo fiscal em 2023 em meio a incertezas sobre a continuidade de programas temporários, mostrou relatório Prisma Fiscal divulgado nesta terça-feira (13) pelo Ministério da Economia.
De acordo com o documento, que capta projeções de agentes de mercado para as contas públicas, a mediana das expectativas para o resultado primário do governo central em 2022 ficou em superávit de 30,5 bilhões de reais, ante saldo positivo de 4,6 bilhões de reais projetado em agosto. Se confirmado, será o primeiro resultado no azul em nove anos.
A mais recente projeção do Ministério da Economia para o resultado primário do governo central –que inclui as contas de Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central– aponta para um déficit de 59,4 bilhões de reais neste ano, ante uma meta de déficit de 170,5 bilhões de reais. Técnicos da pasta, porém, já esperam revisões nos números, que chegariam a um superávit no fim do ano.
As estimativas do mercado para o resultado primário refletem uma elevação na projeção da receita líquida do governo, de 1,818 trilhão de reais para 1,851 trilhão de reais. Houve um aumento menos intenso nas expectativas para a despesa total, passando de 1,804 trilhão de reais no relatório anterior para 1,810 trilhão de reais na pesquisa deste mês.
Com a melhora nos dados do ano, os analistas consultados pela pasta reduziram a previsão para a dívida bruta do governo geral em 2022 para 78,19% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 79,0% na pesquisa de agosto.
O governo vem registrando recordes de arrecadação, sob impulso da retomada da atividade econômica, alta da inflação e elevação das cotações de commodities no mercado internacional.
A revisão positiva das projeções ocorre mesmo diante da estratégia do governo de converter esses ganhos de receitas em cortes de tributos e ampliação de benefícios sociais neste ano eleitoral.
Nos últimos meses, foram liberados cortes de PIS/Cofins de combustíveis, redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e cortes de tarifas de importação, além de repasses a caminhoneiros, taxistas e beneficiários do Auxílio Brasil e do Auxílio Gás.