O mercado agora tem um um fator inusitado provocando alta nos preços de uma das principais commodities negociadas no mundo, o petróleo. Desde a última terça-feira (23) navio porta-contêineres Ever Given, com 400 metros de comprimento, encalhou no Canal de Suez, e bloqueou a passagem de outros embarcações pela principal rota marítima que liga Ásia e Europa, por onde é escoado 12% de todo o comércio mundial causando um prejuízo de mais de U$ 9 bilhões por dia.
O bloqueio temporário na rota já provoca alta nos preços de algumas commodities, como o petróleo. Nesta sexta, 26, os preços futuros do petróleo subiram mais de 3%, segundo informações da Safras & Mercado, com o temor de que a oferta venha a diminuir com o bloqueio provocado pelo porta-contêineres.
A grande dificuldade para remover a embarcação se dá pelo tamanho e falta de equipamentos adequados para uma operação desse tipo. O porta-contêineres tem o tamanho de quatro campos de futebol, com 59 metros de largura, pesa 219 toneladas e tem capacidade para transportar 20 mil contêineres. Com isso, ainda não há previsão de quando a via poderá ser liberada.
Além de atrasos nas entregas, ainda existe o temor no mercado do encarecimento de fretes, caso o impasse com o Ever Given não seja resolvido rapidamente. Isso porque algumas empresas de logística já consideram desviar seus navios pela África, evitando o engarrafamento na hidrovia.
Pelo menos 150 navios que tentavam fazer a travessia entre a Ásia e a Europa estão impedidos de circular. Os navios transportam desde petróleo a cimento, peças de automóveis, bens de consumo, como roupas e móveis. Pelo menos 30 petroleiros estão em ambos os lados do canal.
Como aconteceu?
O porta-contêineres tem o nome de Ever Given é é propriedade da empresa japonesa Shoei Kisen, mas é operado pela Evergreen Marine Corp, sediada em Taiwan. O navio saiu da China e era esperado em Roterdã, nos Países Baixos, na próxima terça-feira (30).
Ainda não se sabe ao certo o que provocou o incidente, mas o navio ficou encalhado depois de uma tempestade de areia na última terça-feira (23), com ventos fortes (rajadas de 30 nós, cerca de 56 quilômetros por hora) e pouca visibilidade. Mas não há explicação de como encalhou, dado o enorme peso da embarcação, preparada para suportar rajadas de vento muito superiores.
Este o segundo grande incidente que envolve o Ever Given. Em 2019, o navio bateu em um pequeno barco atracado no Rio Elba, na cidade de Hamburgo. À época, as autoridades explicaram que a colisão ocorreu devido a ventos fortes.
No momento em que encalhou no Canal de Suez, o navio era conduzido por dois representantes da autoridade do canal do Egito, Bernhard Schulte Shipmanagement. Essa empresa, responsável pela gestão do Ever Given, informou que a tripulação de 25 pessoas já está em terra e em segurança.