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quarta-feira 28 de dezembro de 2022 às 19:10h

‘Medo’ de Lula faz Bolsonaro e aliados abrirem mão de assistência jurídica do governo

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O governo de Luiz Inácio Lula da Silva nem começou, mas já desencadeou um movimento entre bolsonaristas que estão na mira da Justiça. Segundo a colunista Malu Gaspar, do O Globo, eles começaram a abrir mão nos últimos dias da assistência jurídica da Advocacia-Geral da União (AGU) a que têm direito.

O presidente Jair Bolsonaro puxou a fila. Na segunda-feira (26), ele abriu mão da assistência jurídica da Advocacia-Geral da União (AGU) a que têm direito no processo de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público, em tramitação na Justiça Federal do DF.

O caso gira em torno de Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí, acusada de ser funcionária fantasma do gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara Federal. Oficialmente, ela foi secretária parlamentar de Bolsonaro na Câmara de 2003 a 2018, mas segundo o MP, não ia para a capital nem para assinar o ponto em Brasília.

Na última segunda-feira (26), a AGU informou à Justiça Federal do DF que tanto Jair Bolsonaro quanto Wal do Açaí decidiram contratar um “advogado particular para a sua defesa nestes autos”, o que dispensa o órgão do caso.

A partir da semana que vem, a AGU, que tem status de ministério, será chefiada por Jorge Messias, escolhido por Lula.

Por lei, a AGU pode defender servidores e ex-servidores que respondem a processos, seja no Supremo Tribunal Federal (STF) ou em outras instâncias, desde que os atos estejam relacionados ao período em que assumiram funções públicas.

Porém, ao longo da campanha, o próprio Lula disse que iria buscar a responsabilização de Bolsonaro e de bolsonaristas por atos golpistas, além de eventuais crimes contra o interesse público cometidos na pandemia.

O órgão defende ao menos 39 bolsonaristas só perante o STF, em processos relacionados às investigações da CPI. Além do próprio Bolsonaro, parlamentares e militantes são alvo de investigações ou de pedidos de indiciamento em consequência da CPI.

Em maio deste ano, a entrada da AGU no caso levantou polêmica no meio jurídico ao reacender a discussão sobre o uso político do órgão para atender aos interesses do clã Bolsonaro.

Agora, a saída da AGU do processo está sendo comemorada por servidores do órgão, que buscam evitar a ingrata missão de ter que defender bolsonaristas sob a gestão lulista.

A equipe da coluna apurou que os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP) vão seguir o caminho de Jair Bolsonaro e Wal do Açaí e dispensar a ajuda da AGU.

“Vou tirar todos os processos da AGU. Confio nas pessoas de carreira, mas chefiadas pelo ‘Bessias’ da Dilma, não dá. Vou passar meus casos para a Karina Kufa”, disse Zambelli à coluna.

Zambelli faz referência ao famoso áudio em que a então presidente Dilma Rousseff comunica Lula sobre o termo de posse ao indicá-lo como ministro da Casa Civil. Na época, Messias era subchefe para Assuntos Jurídicos do ministério.

A conversa foi divulgada pelo então juiz federal Sergio Moro, o que levou o STF a barrar a nomeação de Lula e agravou a crise política que levou ao impeachment.

Conforme lei de 1995, entre as atribuições da AGU está representar judicialmente parlamentares e ministros “quanto a atos praticados no exercício de suas atribuições constitucionais, legais ou regulamentares, no interesse público”.

Ou seja, mesmo que já tenham deixado o mandato, podem continuar a ser defendidos pela advocacia do governo, desde que os processos se refiram a assuntos relativos ao tempo em que ocupavam funções públicas.

Nos casos em que os bolsonaristas não desistirem de ser defendidos pelo governo, caberá a Messias determinar o que sua equipe deve fazer – se continua defendendo réus que considera culpados ou se abandona os processos – o que seria inédito.

Para deixar a defesa deles, o novo chefe da AGU teria de derrubar atos de seus antecessores que autorizaram a assistência jurídica.

Procurador da Fazenda Nacional, Messias é homem de absoluta confiança de Lula e do senador Jaques Wagner (PT-BA), em cujo gabinete atuou como assessor especial. Também atuou na formulação das estratégias da campanha do petista para derrotar Bolsonaro nas urnas.

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