E conta assim quem com ele conversou no dia em que o ex-ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, desembarcou em Brasília para se reunir com a direção nacional do PSB e admitiu estar em dúvida quanto à sua candidatura à sucessão do presidente Michel Temer.
Foi no dia 19 de abril último. Aos jornalistas, Barbosa disse: “Há dificuldades dos dois lados. O partido tem sua história, suas dificuldades regionais. Do meu lado, tenho minhas dificuldades de ordem pessoal”. Ele havia se filiado ao PSB em 6 de abril. Mas não anunciara sua candidatura.
Ocorre que pesquisa Datafolha, aplicada entre os dias 11 e 13 daquele mês com 4.194 eleitores de todos os Estado e do Distrito Federal, testou o nome dele. E nos 9 dos cenários apresentados, Barbosa apareceu em quarto ou terceiro lugar, empatado com Ciro Gomes. Ele levou um susto segundo publicou Noblat em sua coluna na revista Veja.
“Desse jeito, eu posso de fato me eleger”, argumentou Barbosa em conversa com dirigentes do partido. “E eu pensava apenas em marcar posição”. De um dos dirigentes, Barbosa ouviu o conselho de que o melhor seria desistir logo para que o PSB pudesse escolher outro rumo.
Finalmente no dia 8 de maio, em sua conta no Twitter, Barbosa escreveu: “Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a Presidente da República. Decisão estritamente pessoal”. De fato, foi.
Além do receio de vencer, pelo menos mais dois fatos pesaram na decisão de Barbosa. Primeiro, a compra de um apartamento nos Estados Unidos via a abertura de uma empresa em um paraíso fiscal para evitar que seus eventuais herdeiros pagassem no futuro imposto mais alto.
E segundo, a automática redução de sua renda mensal caso fosse eleito. Além do que ganha como ministro aposentado do tribunal, há meses em que Barbosa dá um ou dois pareceres em causas que se arrastam na Justiça. E por cada cobra algo como R$ 300 mil em média.