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terça-feira 13 de abril de 2021 às 09:05h

Médicos eram obrigados a dar plantões contaminados com covid-19

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Uma reportagem feita pela GloboNews revelou que médicos da operadora Prevent Senior sofriam conforme o Catraca Livre, uma série de assédios e pressão para atuar na linha de frente de combate ao coronavírus. Além de ser obrigados a prescrever medicamentos sem comprovação contra a covid-19, o chamado “kit covid”, eles eram obrigados a trabalhar infectados com o vírus.

Dois dos cinco médicos entrevistados pela reportagem relataram que foram escalados para dar plantões nas unidades do plano mesmo com o diagnóstico positivo para a doença.

“Aconteceu algumas vezes, inclusive comigo. Eu estava com covid, tive o diagnóstico, enviei a mensagem para o meu coordenador, avisando que estava com covid, mandei o exame pra ele, ele pediu que eu fosse para o plantão mesmo assim para repetir esse exame lá (na Prevent Senior). O exame foi feito lá também, confirmou novamente que estava com covid, mas ele pediu para eu continuar trabalhando mesmo assim”, contou um deles.

“Kit covid”

Esses profissionais que não atuam mais na operadora contaram também que a prescrição de hidroxicloroquina e azitromicina para os todos os pacientes com com qualquer sintoma gripal era uma determinação do diretor da operadora.

“Ao menor sinal de síndrome gripal, a orientação era que prescrevesse. Se o paciente teve uma coriza, você tinha que prescrever o kit. Bastava ter um único dia de evolução, algumas horas de evolução, paciente chegou, descreveu os sintomas, você tinha que entregar o kit. Eles contabilizavam o número de kits”, disse uma das médicas.

Trocas de mensagens em um aplicativo às quais a GloboNews teve acesso confirmam isso. Essas medicações eram dadas sem conhecimento dos pacientes e de seus familiares.

De acordo com as denúncias, um médico chegou a ser demitido pela operadora por se negar a prescrever essas medicações.

Outras denúncias contra a Prevent Senior

Em março, o Ministério Público de São Paulo já tinha recebido uma denúncia anônima de que também era uma orientação da empresa a prescrição de Flutamida a todos os pacientes internados com covid-19. Esse medicamento era comercializado para o tratamento de acne até 2004, mas teve sua utilização desaconselhada pela Anvisa para qualquer finalidade que não fosse o tratamento de câncer de próstata depois que quatro mulheres morreram de hepatite fulminante.

A Prevent Senior enviou uma nota à reportagem da GloboNews informando que “jamais coagiu médicos a trabalhar doentes” e que respeita a autonomia dos profissionais.

“A Prevent Senior jamais coagiu médicos a trabalhar doentes, o que foi atestado recentemente por vistorias de conselhos de classe. Todos os profissionais prestadores de serviço afastados, aliás, continuaram a receber salários. Sobre os tratamentos, a empresa dá aos médicos a prerrogativa de adotar os procedimentos que julgarem necessários, com toda a segurança e eficiência e sempre de acordo com os marcos legais, notadamente seguindo as diretrizes do Conselho Federal de Medicina. Entretanto, como a Prevent Senior não teve acesso aos supostos documentos obtidos pela Globonews, não pode esclarecer detalhadamente os questionamentos”, diz a nota.

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