O médico Roberto Kalil Filho, que atende o presidente Lula da Silva (PT), disse que ele está bem, mas que a equipe médica vetou a viagem para a Rússia, e que novos exames serão feitos para avaliar o possível surgimento de sangramento cerebral.
O que aconteceu
“É um quadro em que exames deverão ser repetidos durante a semana”, disse Kalil. Segundo o médico, o presidente pode ter atividades normais, mas ficará em observação pelos próximos dias. “Qualquer sangramento cerebral pode aumentar nos dias subsequentes”, disse, em entrevista à GloboNews.
Presidente teve que receber pontos na nuca. “O trauma não foi pequeno, foi grande na região occipital”, disse o médico. “O que mostra que o trauma foi importante foi que você teve esse chamado contragolpe e uma pequena hemorragia cerebral na região frontotemporal do encéfalo”, complementou.
Kalil disse que a equipe médica contraindicou um voo de longas horas. Presidente participará da Cúpula dos Brics por videoconferência, informou o Planalto. “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por orientação médica, não viajará para a Cúpula dos Brics, em Kazan, devido a um impedimento temporário para viagens de avião de longa duração”, diz nota enviada pelo Planalto.
Lula terá agenda de trabalho normal essa semana em Brasília, segundo o governo. O presidente permanece sob acompanhamento da equipe médica, aos cuidados dos médicos Roberto Kalil Filho e Ana Helena Germoglio.
Entenda o acidente
Lula foi internado no hospital Sírio Libanês de Brasília após o acidente doméstico. De acordo com o boletim médico, o presidente deu entrada na unidade de saúde no sábado (19) com um ferimento na cabeça.
A região occipital está localizada na parte de trás do crânio, na base da cabeça. Internamente, ao se falar da parte cerebral, é uma área crucial para a visão, explica o neurocirurgião Jamil Farhat Neto. “É onde está localizado o córtex visual do cérebro, que processa as informações visuais enviadas pelos olhos. Um trauma de alto impacto nessa região pode afetar a visão ou causar sintomas como tonturas e dores de cabeça”, ele diz.
Já um ferimento corto-contuso é produzido por uma contusão (machucado) que vai cortar a pele. Guilherme Torezani, neurologista do Hospital Icaraí, acrescenta que, nesses casos, a lesão é provocada por um objeto não afiado. “Ocorre, por exemplo, se você bate a cabeça na quina de uma mesa ou no meio-fio”, exemplifica.
Esses ferimentos podem variar de leves a graves, dependendo da profundidade do corte, da área afetada e dos danos internos. Se o machucado for superficial, o tratamento é mais simples. Mas se for profundo, atingindo ossos do crânio ou causando sangramento interno, o caso é mais grave e pode exigir cuidados intensivos, até uma cirurgia.
Lula cancela viagem à Rússia para os Brics por orientação médica