Cientistas da Universidade da Califórnia em San Diego, e do Hospital Geral de Massachusetts, ambos nos Estados Unidos, segundo reporta um artigo publicado na revista Galileu, descobriram um novo medicamento capaz de prevenir, em roedores e macacos, o mecanismo cerebral que provoca a doença de Alzheimer – aquela que é a forma mais comum de demência e afeta milhões de indivíduos em todo o mundo.
“A doença de Alzheimer é uma condição extraordinariamente complexa e multifacetada que tem, até agora, desafiado o tratamento eficaz, e mais ainda a prevenção”, conta Steven L. Wagner, co-autor do estudo, em comunicado.
“As nossas descobertas sugerem uma terapia potencial que pode prevenir um dos elementos-chave da doença”, acrescenta.
As placas amiloides são os elementos patológicos associados ao Alzheimer. Tratam-se de aglomerados de proteínas que se acumulam no cérebro, aniquilando neurônios e provocando a deterioração cognitiva progressiva, um sintoma típico da demência.
Conforme explica a revista Galileu, o fármaco testado em animais tem a capacidade de manipular uma enzima que forma as placas amiloides. Sendo esse o ponto diferencial do medicamento, já que em pesquisas prévias nas quais se tentou conter a enzima, os medicamentos revelaram-se tóxicos.
A droga farmacológica integra moduladores da enzima γ-secretase, que modificam levemente a atividade dessa substância para que esta produza peptídeo sem menor quantidade, que por sua vez formam as placas amiloides.
Durante a realização da experiência, os investigadores inicialmente administraram o medicamento em camundongos e ratos. A partir daí notaram que doses diminutas e repetidas do novo fármaco obliteraram a produção de fragmentos que formam as placas amiloides, sem provocar efeitos secundários perigosos. A medicação revelou ser igualmente segura e eficiente no tratamento de macacos.
Segundo Rudolph Tanzi, professor de neurologia da Escola de Medicina da Universidade Harvard, o outro co-autor do trabalho: “em ambos os casos, o novo GSM [modulador de enzima] diminuiu a formação de placas e reduziu a inflamação associada à placa, o que parece contribuir para o desenvolvimento da doença [de Alzheimer]”.
Os dados apurados foram divulgados na publicação científica Journal of Experimental Medicine.