O MDB atua para distanciar da extrema-direita a imagem do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, apesar da aliança local com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. O partido negocia segundo César Felício, do O Globo, com os aliados em São Paulo a adoção de critério com roupagem técnica para escolher o companheiro da chapa do prefeito pela reeleição. A escolha seria respaldada por pesquisas.
É difícil que prevaleça, nessas circunstâncias, a opção por um perfil semelhante ao do coronel da Rota Ricardo Mello de Araujo, ex-presidente do Ceagesp, como foi sugerido por Bolsonaro e endossado pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Levantamentos de opinião tornados públicos nos últimos meses têm indicado que a rejeição a Bolsonaro no eleitorado paulistano é acima da registrada nacionalmente.
O entendimento no partido é que um dos carros-chefe da campanha de Nunes deve ser a rejeição a radicalismos. A polarização nacional entre o lulismo e o bolsonarismo, na visão do MDB, faz parte da estratégia do principal rival de Nunes, o deputado Guilherme Boulos (Psol). Optar por um bolsonarista duro seria facilitar a tarefa do candidato de Lula.
A escolha do vice continuará sendo uma prerrogativa do PL, dono da maior fatia do horário eleitoral gratuito e do maior fundo eleitoral. Mas parte-se do pressuposto de que é mais importante para Bolsonaro derrotar Boulos em São Paulo do que propriamente carimbar Nunes como um integrante de seu campo.
No mapa das alianças nacionais, o MDB aparece onde é normalmente mais associado: no centro do tabuleiro político, transitando pela esquerda e pela direita. Deverá ter de 11 a 13 candidatos próprios. Se em São Paulo e Porto Alegre a opção para a reeleição dos emedebistas Nunes e Sebastião Melo é por uma chapa com o PL, em Maceió, Rio Branco e Salvador o partido opera para conquistar o apoio do PT respectivamente para o deputado federal Rafael Britto, o ex-prefeito Marcus Alexandre e o vice-governador da Bahia Geraldo Júnior.
O partido já decidiu apoiar o PT nas eleições de Natal, Teresina e Fortaleza, e o PSB em Recife.
Em nenhuma capital sequer há definição do partido por apoio ao PL de Bolsonaro. A situação no Rio é particular. O partido lançou a candidatura do deputado Otoni de Paula, que é bolsonarista, mas a prioridade da sigla é manter a prefeitura de Duque de Caxias, controlada pelo clã de Washington Reis, ex-prefeito e atual secretário estadual de Transportes do governador Claudio Castro (PL).
Em Goiânia, o MDB pretende apoiar o ex-deputado federal Sandro Mabel (União Brasil), apoiado pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Caiado é um possível presidenciável em 2026 com eventual apoio de Bolsonaro. Situação similar é a de Curitiba, onde o partido irá respaldar o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), candidato do governador Ratinho Júnior, também especulado como possível candidato do bolsonarismo à presidência na próxima sucessão. A sigla também deve compor junto com o PL a aliança pela reeleição de Topázio Neto (PSD) em Florianópolis.
O partido busca a reeleição sem depender de alianças com os polos nacionais em Macapá, com Doutor Furlan; e Boa Vista, com Arthur Henrique. As apostas de candidaturas próprias contra os incumbentes vistas com mais esperanças estão em Belém e Belo Horizonte. Em Belém o partido acredita que a popularidade do governador Helder Barbalho e a perspectiva de investimentos para a COP 30 podem beneficiar o deputado estadual Igor Normando. Em Belo Horizonte, a cúpula acredita no crescimento do vereador Gabriel Azevedo, em um cenário que a sigla não vê favoritos.
Em Campo Grande, o partido pode confirmar a candidatura do ex-governador André Puccinelli ou fechar acordo para apoiar o tucano Beto Pereira, candidato do governador Eduardo Riedel (PSDB). Em São Luís o MDB deve apoiar a reeleição de Eduardo Braide (PSD), que deve enfrentar coligação em torno de Duarte Júnior (PSB) que pôs do mesmo lado o PL e o PT. Em João Pessoa o apoio será a Ruy Carneiro (Podemos). O partido deve ter candidatos próprios em Porto Velho (Euma Tourinho) e Aracaju (Daniela Garcia).