A Executiva Nacional do MDB deve adotar uma posição de neutralidade no segundo turno. Como há duas correntes bem distintas dentro da sigla — Norte e Nordeste apoiando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Sul e Centro-Oeste com Jair Bolsonaro (PL) — a tendência é que o partido libere o posicionamento dos seus filiados. Esse anúncio deve ser feito, no máximo, até a manhã de quarta-feira.
Assim que oficializar o anúncio, será a vez da senadora Simone Tebet (MDB), que ficou em terceiro lugar na corrida presidencial, informar sua posição. A interlocutores, ela sinalizou que deve apoiar Lula na disputa.
A neutralidade do MDB é uma tentativa de evitar um racha no partido, já que não há consenso sobre o apoio a um candidato. Tebet, por outro lado, já declarou rejeitar a candidatura de Bolsonaro. Com isso, ela prepara um apoio a Lula, mas com um discurso “crítico”.
Emedebistas afirmam que a fala da senadora no domingo, após a eleição, foi uma antecipação do posicionamento. Tebet afirmou que não iria se omitir e deu um prazo de 48 horas para os aliados, à espera do partido para informar sua decisão. Ela não se manifestou publicamente sobre o assunto, mas está sendo procurada pelo PT. Como o GLOBO mostrou, conversou com o ex-presidente em ligação intermediada pela mulher de Lula, Rosângela da Silva, a Janja.
Já as negociações sobre o posicionamento do partido estão centralizadas no presidente da sigla, Baleia Rossi (SP). Ele vem informando a diversos integrantes da Executiva de que só há consenso para liberar os apoios no segundo turno. O senador Marcelo Castro (MDB-PI), que já havia declarado apoio a Lula desde o primeiro turno, disse que conversou com Baleia nesta terça e que o partido quer tomar uma decisão “o mais rápido possível”.
— O MDB é um partido muito grande. Tem diretórios que são favoráveis (ao apoio a Lula), tem diretórios que são contra. Para onde o partido marcha: para liberar todo mundo. Acreditamos que a Simone vai declarar apoio ao Lula — afirmou.
Castro disse que ele trabalhou para que o partido optasse por declarar apoio a Lula, não só por ele ser próximo ao petista, mas pela defesa da democracia.
— É a cara do MDB e eu achei que o MDB deveria se comprometer com esse projeto, mas tem seções regionais que não querem — disse e citou os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Nesta terça-feira, partidos que participaram da coligação com o MDB para a corrida presidencial já se posicionaram para o segundo turno. O Cidadania, de Roberto Freire, declarou apoio a Lula, mas a bancada do partido afirmou que ficará neutra. O partido forma uma federação com o PSDB, que adotou posição de neutralidade.
Entre os tucanos, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, declarou apoio a Bolsonaro. Já a vice da chapa de Tebet, a senadora Mara Gabrilli, afirmou que votará em branco no segundo turno.