Um dos principais líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) quer que o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, explique se membros do grupo foram alvos de dossiê elaborado pela gestão do governo de Dilma Rousseff (PT). O parlamentar protocolou o pedido na Câmara nesta semana.
No requerimento, segundo o jornal O Tempo, ele questiona se a pasta elaborou algum dossiê, inquérito, investigação, apuração, ou qualquer coleta de informações referentes ao grupo entre 2015 e 2016. Se confirmada a existência desses documentos, Kataguiri quer saber quem foram os investigados e quem pediu a instalação desse processo.
O tema veio à tona após Mendonça dizer, em audiência da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, que nomes do MBL foram alvos de uma espécie de dossiê na época do impeachment. Ele usou o exemplo para explicar que esse tipo de levantamento é comum no Executivo.
O colunista do Uol, Rubens Valente, revelou no último mês que 579 professores de universidades públicas e alunos identificados como integrantes dos movimentos antifascismo e antifascista seriam alvos desses dossiês sigilosos. Na audiência fechada com parlamentares, o ministro confirmou a existência desse relatório de inteligência.
“O ministro fez uma declaração que chocou o país: afirmou que o governo utiliza o Ministério da Justiça e Segurança Pública para coletar informações sobre seus opositores. Pior: na tentativa de se justificar, afirmou que tal prática é costumeira no ministério. Tal fato é aberrante ao Estado de Direito e à ordem constitucional”, escreveu Kataguiri.
O hoje deputado ficou conhecido no país por liderar manifestações contra a então presidente. A participação no MBL fez com que ele e outras lideranças do grupo fossem eleitas em 2018. Com 458.243 votos, ele foi o quarto nome mais votado no Estado para assumir uma cadeira na Câmara.